Milhares de manifestantes antiaborto, convocados por membros das igrejas católica e evangélica, bem como por organizações civis, protestaram neste sábado (28) em Buenos Aires e outras cidades argentinas contra o projeto de legalização do aborto, apresentado pelo presidente Alberto Fernández
Milhares de manifestantes antiaborto, convocados por membros das igrejas católica e evangélica, bem como por organizações civis, protestaram neste sábado (28) em Buenos Aires e outras cidades argentinas contra o projeto de legalização do aborto, apresentado pelo presidente Alberto Fernández.
O maior grupo destes ativistas, que se autodenominam "pró-vida", se reuniu em Buenos Aires, em frente ao Congresso, onde se prevê o início, na próxima semana, do debate do projeto de lei na Câmara dos Deputados.
As marchas e caravanas foram realizadas "em 500 cidades" do país, segundo os organizadores. Em todo o país, os manifestantes exibiam cartazes com frases como "Salvemos as duas vidas!" e "Marcha pela criança por nascer".
"É uma convocação espontânea, na qual esperamos centenas de milhares de pessoas do país que são favoráveis às duas vidas", disse à AFP o pastor Jorge Gómez, diretor-executivo da Aciera, a Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da Argentina, uma das organizações que participam das manifestações.
"O povo argentino é pró-vida. Agora veremos o que os legisladores fazem, se respondem ao presidente ou ao povo", disse à AFP uma ativista que preferiu não se identificar. "Sei que há gestações indesejadas, respeito os direitos da mulher. Mas não reconheço o aborto como um direito".
Os organizadores informaram que vão respeitar todas as medidas de prevenção necessárias, "com máscaras e respeito ao distanciamento", devido à pandemia do novo coronavírus.
Em um país de maioria católica e onde nasceu o papa Francisco, esta é a nona vez que um projeto para legalizar o aborto se apresenta no Parlamento.
Mas apenas em uma ocasião, em 2018, chegou ao plenário, onde foi aprovado pelos deputados, mas rechaçado pelos senadores. Esta é a primeira vez que o projeto é enviado pelo Executivo.
Na Argentina, o aborto só é permitido em casos de estupro ou de risco de vida para a mulher, uma legislação em vigor desde a década de 1920.
Fernández diz que busca garantir "que todas as mulheres tenham acesso à saúde integral". Ao mesmo tempo, impulsiona a criação de um "plano dos mil dias" para fortalecer a atenção integral durante a gravidez e dos filhos nos primeiros anos de vida.
O texto oficial autoriza a IVE "até a 14ª semana de gestação". Outro ponto-chave é que pode haver "objeção de consciência" de profissionais da saúde, mas estes devem "encaminhar a paciente para que seja atendida", tanto no sistema público quanto no privado.
Por enquanto, a iniciativa parece ter garantidos os votos dos deputados, mas poderia ser novamente rejeitada por uma pequena margem no Senado, de maioria governista, mas tradicionalmente mais conservador.