Tragédia ambiental se deu em rampa náutica do distrito de Ártemis
A tristeza em forma de imagem: peixes mortos (Luiz Fernando Magossi)
Segunda-feira, 8 de outubro de 2018 Uma mortandade de peixes ocorreu na última semana, na região do rio Piracicaba, no distrito de Ártemis. O grande volume de peixes mortos (além de outros que ainda estavam agonizando no manancial) formou-se na rampa de embarcações próxima ao Residencial Terras de Ártemis. Moradores da região contataram a redação da Gazeta para informar o caso. Além de telefonemas, enviaram alguns vídeos e fotos registrando a mortandade. Estima-se que, somente na rampa náutica e no seu entorno, havia cerca de duas toneladas de peixes mortos. Consultados, pescadores informaram que entre os peixes mortos havia espécies como piracanjuba, jurupecem, pacu, dourado, mandi, lambari, piau e piapara. "É muito triste e ninguém se responsabiliza", criticou Luis Fernando Magossi, o presidente do Instituto Beira Rio. Segundo Magossi, também conhecido como o Gordo do Passeio de Barcos, "os peixes já estavam 'pitando' no trecho entre a Rua do Porto e o Canal Torto". Pitar, explica Magossi, é quando o peixe vai à superfície em busca de oxigênio. "Agora, do Canal Torto para baixo, ou seja, em direção a Ártemis, eles estavam agonizando e, então, começaram a morrer", disse. Na opinião de Magossi, provavelmente os peixes se amontoaram e morreram na rampa porque, instintivamente, imaginaram que ali fosse o acesso a um ribeirão. "Eles estavam fugindo da falta de oxigênio na água, não tenho dúvida. Até cascudo, que é um peixe resistente e difícil de morrer, morreu ali", relatou. A vazão do rio atingiu a marca de 13,9 metros cúbicos por segundo, índice considerado baixo e registrado durante a grave crise hídrica de 2013/2014, frisou Magossi. "Quando baixa a vazão, a concentração de esgoto aumenta, a decantação de poluentes aumenta e aí acontece essa mortandade gigantesca de peixes", observou. "Pior é que tentei ligar umas 20 vezes para a Cetesb e ninguém atende", desabafou. De acordo com Magossi, o Instituto Beira Rio já encaminhou ao Ministério Público uma proposta de adoção de uma "cota ecológica" de vazão para o rio Piracicaba. Tal proposta, contudo, necessitaria de análise e aprovação por órgãos hídricos como, por exemplo, o Departamento de Água e Esgoto (DAE) e a Agência Nacional de Águas (ANA), que são os responsáveis pela gestão da água no Sistema Cantareira. "Esse projeto prevê que o rio Piracicaba tenha, no mínimo, 40 m3/s de água para garantir segurança a todas as suas formas de vida aquática. Mas, costumeiramente, estão descendo 20 m3/s", afirmou. Cetesb e PM Ambiental Procurada, a Agência da Cetesb de Piracicaba informou que enviou uma equipe ao local e que a mesma constatou a mortandade de peixes. “Os técnicos realizaram coletas de amostras da água do rio Piracicaba e estão investigando as possíveis fontes a montante. Os técnicos não observaram peixes no fluxo do rio, apenas uma quantidade que ficou na rampa”, disse o comunicado do órgão ambiental. A Cetesb ainda informou que as denúncias podem ser feitas pelo 0800 11-3560 (24 horas). A Polícia Militar Ambiental comunicou que foi acionada pelo Instituto Beira Rio e que foi ao local para averiguar o caso. “No local, os policiais constataram a morte de grande quantidade de peixes de diversas espécies. Sendo assim, acionaram a Cetesb que colheu amostras de peixes e da água para análise”, disse nota da Corporação. Segundo a PM Ambiental, os policiais que atenderam a chamada lavraram um Boletim de Ocorrência (BO) que, em seguida, será encaminhado à Polícia Federal, “para a apuração do dano ambiental e eventual crime ambiental, previsto na lei número 9.605/98”.