Milhares de manifestantes saíram às ruas nesta terça-feira (9) em Hong Kong para marcar o primeiro aniversário do histórico movimento de protesto na ex-colônia britânica, que atualmente tem dificuldades para mobilizar multidões em um contexto de prevenção do coronavírus e na pendência de uma nova lei sobre segurança nacional
Milhares de manifestantes saíram às ruas nesta terça-feira (9) em Hong Kong para marcar o primeiro aniversário do histórico movimento de protesto na ex-colônia britânica, que atualmente tem dificuldades para mobilizar multidões em um contexto de prevenção do coronavírus e na pendência de uma nova lei sobre segurança nacional.
As muitas prisões, que significaram um duro golpe ao movimento, se somaram às medidas adotadas para combater a COVID-19.
O início dos protestos, às vezes violentos, foi em 9 de junho de 2019. Naquele dia, uma imensa multidão de pessoas de Hong Kong foi às ruas deste território semiautônomo para se opor a um projeto de lei que autorizava as extradições para a China continental.
Confrontos entre policiais e manifestantes rapidamente se tornaram frequentes, dividindo a população e afetando a reputação e a estabilidade do território.
Nesta terça, desafiando a proibição de se manifestar, milhares de pessoas foram às ruas ao anoitecer no coração financeiro do enclave, gritando palavras de ordem pró-democracia.
Os locais das manifestações, proibidas no contexto da prevenção do coronavírus, foram anunciados apenas uma hora antes para impedir que as forças de segurança estivessem cientes, o que não impediu a rápida ação policial para dispersar os manifestantes.
"Temos que sair às ruas para sermos ouvidos e para dizer ao regime que não vamos esquecer", disse à AFP Michel, um manifestante de 23 anos.
Nesta terça-feira, a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, nomeada por Pequim e muito impopular, disse que "Hong Kong não pode arcar com esse caos", respondendo a perguntas da imprensa, e pediu a todas as partes "que aprendam a lição".
Os habitantes precisam "demonstrar que as pessoas de Hong Kong são cidadãos razoáveis e sensatos da República Popular da China", se quiserem manter suas liberdades e autonomia, disse Lam.
A ex-colônia britânica voltou à soberania chinesa em 1997, após um acordo que garantiu autonomia e liberdades territoriais desconhecidas no continente até 2047, de acordo com o princípio de "um país, dois sistemas".
Na última década, nasceu em Hong Kong um movimento de protesto alimentado pelo medo de perder as liberdades nesta metrópole financeira.
Segundo especialistas, a margem de manobra da oposição de Hong Kong foi reduzida desde o ano passado.
"Não acho que o descontentamento tenha diminuído muito, mas o problema é que muitas ações não são autorizadas nas circunstâncias atuais", disse à AFP Leung Kai-chi, analista da Universidade Chinesa de Hong Kong (CUHK).
"As pessoas estão esperando por uma oportunidade. É claro que querem protestar novamente (...) mas não vão fazer isso sem pensar", avalia o diretor da Escola de Jornalismo da CUHK, Francis Lee.
A mobilização pró-democracia nasceu no ano passado com a rejeição ao projeto de extradição. Ainda que este texto tenha sido retirado de pauta depois, os manifestantes posteriormente expandiram suas demandas.