INTERNACIONAL

Milhares de manifestantes em Hong Kong contra projeto de segurança chinês

Em cenas de violência que não eram vistas há meses, a polícia chinesa arremeteu neste domingo (24) contra milhares de manifestantes que saíram às ruas de Hong Kong para protestar contra a lei de "segurança nacional" promovida por Pequim, que muitos veem como o fim da liberdade na ex-colônia britânica

AFP
24/05/2020 às 09:04.
Atualizado em 27/03/2022 às 22:55

Em cenas de violência que não eram vistas há meses, a polícia chinesa arremeteu neste domingo (24) contra milhares de manifestantes que saíram às ruas de Hong Kong para protestar contra a lei de "segurança nacional" promovida por Pequim, que muitos veem como o fim da liberdade na ex-colônia britânica.

Em resposta à repressão policial, alguns manifestantes dispararam projéteis contra as forças da lei, ergueram barricadas improvisadas e usaram guarda-chuvas para se proteger do gás lacrimogêneo e canhões de água.

A polícia de Hong Kong anunciou 120 prisões.

Nos últimos meses, a crise do coronavírus abafou as manifestações desatadas na região semi-autônoma no segundo semestre do ano passado.

Mas o projeto de lei que o regime comunista apresentou, na sexta-feira, no Parlamento para proibir a "traição, a secessão, a sedição e subversão" em Hong Kong reativou o movimento pró-democracia.

A lei de segurança de Hong Kong deve ser aplicada "sem demora", alertou neste domingo o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi.

O movimento pró-democracia vem denunciando veementemente essa manobra de Pequim sobre um assunto que há muito tempo desperta oposição dos habitantes de Hong Kong.

Milhares foram às ruas em vários bairros da ilha, apesar da proibição de manifestar, gritando palavras de ordem contra o governo.

"As pessoas poderão ser processadas pelo que dizem ou escrevem contra o governo", denunciou Vincent, um manifestante de 25 anos, referindo-se ao projeto de lei de Pequim.

"O povo de Hong Kong está com raiva porque não esperava que fosse tão rápido e brutalmente", justificou. "Mas não somos estúpidos. As coisas só vão piorar".

Quando os manifestantes se dirigiam de Causeway Bay para o bairro vizinho de Wanchai, a polícia os atacou com gás lacrimogêneo e spray de pimenta, com a ajuda de canhões de água, de acordo com jornalistas da AFP no local.

A ex-colônia britânica passou pela pior crise política desde o retorno a Pequim em 1997, entre junho e dezembro, com manifestações praticamente diárias, às vezes violentas.

Essa mobilização foi reforçada com o triunfo dos "pró-democracia" nas eleições municipais de novembro, mas no início do ano perdeu força devido a milhares de prisões conduzidas pela polícia e principalmente pelas restrições impostas no combate ao coronavírus.

"Estamos de volta! Encontro nas ruas em 24 de maio", lia-se no sábado uma pichação em uma parede perto da estação de metrô Kowloon Tong.

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