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Milhares de manifestantes aclamam militares golpistas no Mali

Milhares de pessoas se reuniram nesta sexta-feira (21) em Bamako para festejar a queda do presidente Ibrahim Boubacar Keita, após um golpe de Estado de militares, na véspera da chegada ao Mali de uma delegação de autoridades da África ocidental

AFP
21/08/2020 às 20:36.
Atualizado em 25/03/2022 às 15:53

Milhares de pessoas se reuniram nesta sexta-feira (21) em Bamako para festejar a queda do presidente Ibrahim Boubacar Keita, após um golpe de Estado de militares, na véspera da chegada ao Mali de uma delegação de autoridades da África ocidental.

"Viemos para agradecer ao povo malinense pelo apoio. Só concluímos o trabalho que vocês começaram", discursou diante da multidão eufórica Ismael Wagué, porta-voz do Comitê Nacional para a Salvação do Povo (CNSP), criado pelos militares golpistas.

Wagué explicou que, por um "impedimento de última hora", o novo homem forte do Mali, o coronel Assimi Goita, de 37 anos, não pôde comparecer ao evento.

De acordo com as estimativas de um correspondente da AFP, os manifestantes foram mais numerosos do que em outros protestos organizados desde junho pelo Movimento do 5 de junho (M5-RFP) para pedir a destituição de Keita.

Os militares, cuja delegação também contou com a presença do número dois do CNSP, Malick Diaw, deixaram o lugar para a heterogênea coalizão M5-RFP, que convocou as manifestações desta sexta-feira.

"Não há um golpe de Estado, não há uma junta só há malinenses que assumem suas responsabilidades", garantiu Mohamed Aly Bathily, um dos dirigentes da coalizão.

O influente imã Mahmud Dicko, que teve papel crucial nos protestos contra Keita, informou que, agora, voltará "à mesquita" e pediu para que o povo lute contra "os demônios da divisão".

"Sou um imã e continuo sendo um imã", completou Dicko, insinuando que continuará influenciando a política malinense sem assumir responsabilidades de governo.

"Vencemos, é a vitória do povo", comemorou Mariam Cissé, uma manifestante de 38 anos.

As comemorações acontecem na véspera da visita ao Mali de uma delegação da Comunidade Econômica da África Ocidental (Cedeao), que exigirá uma "volta à ordem constitucional".

A delegação será liderada pelo ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, junto com o presidente da Comissão da Cedeao, Jean-Claude Kassi Brou, e o ministro das Relações Exteriores do Níger, Kalla Ankourao, disse a organização formada por 15 países.

Uma delegação da ONU visitou na quinta-feira à noite o presidente Keita e outras autoridades presas em um acampamento militar de Kati, na periferia da capital Bamako.

Com o golpe de Estado de terça-feira, os militares prenderam o presidente, também conhecido como "IBK", e o primeiro-ministro, que foram levados para o campo militar de Kati, o novo centro do poder neste país do noroeste africano.

"Autorizamos uma missão dos direitos humanos da ONU no Mali a visitar os 19 prisioneiros de Kati, incluindo o ex-presidente Ibrahim Boubacar Keita e o ex-primeiro-ministro", disse à AFP uma autoridade da junta, sob anonimato.

Os militares também prenderam outros funcionários, como os ministros da Defesa e do Interior, o presidente do Parlamento e os generais Dahirou Dembélé, M"Bemba Moussa Keita e Abdoulaye Coulibaly (chefe do Estado maior).

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