Agarrando-se à esperança despertada pelos milhares de bilhões de dólares investidos pelos bancos centrais e governos para combater a crise do coronavírus, os mercados europeus se recuperavam nesta sexta-feira e Wall Street parece prestes a fazer o mesmo
Agarrando-se à esperança despertada pelos milhares de bilhões de dólares investidos pelos bancos centrais e governos para combater a crise do coronavírus, os mercados europeus se recuperavam nesta sexta-feira e Wall Street parece prestes a fazer o mesmo.
Desde a abertura, a Europa retomou a trajetória ascendente do dia anterior, com altas significativas.
Por volta das 12h45 (7h45 de Brasília), Paris registrava alta de 4,94%, Londres 1,54% e Frankfurt 4,13%. Milão subia 2,12% e Madri 3,62%.
Do outro lado do Atlântico, o índice futuro do Dow Jones Industrial Average subia 2,45%, e o do índice S&P 500 1,98%, e o do Nasdaq 3,34%.
A Ásia, apesar de uma abertura positiva, não conseguiu manter o rumo, em particular Tóquio, arrastada pela queda histórica do Softbank.
No mercado da dívida, principal beneficiário das medidas monetárias, os sinais eram alentadores para quase todos os países, começando pela Itália.
"Ontem, o índice S&P 500 sofreu uma variação de menos de 1% pela primeira vez em 13 sessões. Isso pode ser o começo de um sinal de estabilização", aponta Alain Zeitouni, diretor administrativo da Russell Investments France, com sede em Londres.
"As medidas mais recentes dos bancos centrais e governos, com alcance muito superior às tomadas inicialmente, têm um efeito estabilizador nos mercados financeiros", destaca Tangi Le Liboux, estrategista da corretora Aurel BGC.
A situação permanece crítica, no entanto, com mais de 10.000 mortes por coronavírus e um constante fortalecimento dos confinamentos.
Diante dessa catástrofe planetária, nenhuma autoridade está economizando nos meios empregados. A princípio insensíveis a esses esforços, os mercados começam a se tranquilizar.
"Houve 34 cortes nas taxas de juros pelos bancos centrais desde o início do ano, US$ 4 trilhões em medidas de flexibilização e US$ 2 trilhões em programas fiscais anunciados", resume Zeitouni.
Os republicanos do Senado dos Estados Unidos apresentaram na quinta-feira um pacote de ajuda de aproximadamente 1 trilhão de dólares para salvar a economia americana, enquanto 70.000 pessoas foram demitidas em uma única semana no país.
Após as medidas radicais do Fed, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou na quarta-feira um plano de "emergência" de 750 bilhões de euros em recompras de dívidas públicas e privadas.
O fato de o presidente americano Donald Trump ter divulgado na quinta-feira o recurso à cloroquina, um medicamento usado para o tratamento da malária, para tratar o coronavírus, depois dos resultados encorajadores na China e na França, também ofereceu apoio significativo.
"Para um novo medicamento, existe um longo circuito de aprovação, mas se um medicamento existente tiver um efeito sobre o coronavírus, seria um elemento muito importante", observa Zeitouni.
Na Europa, "também poderemos medir com a Itália o efeito das medidas de contenção", antecipa.