A capital síria, Damasco, enfrenta uma onda "terrível" de infecções por COVID-19. Os médicos sírios alertaram para a saturação de hospitais e para as dificuldades dos serviços de saúde deste país em guerra
A capital síria, Damasco, enfrenta uma onda "terrível" de infecções por COVID-19. Os médicos sírios alertaram para a saturação de hospitais e para as dificuldades dos serviços de saúde deste país em guerra.
O Ministério da Saúde da Síria, que até agora havia detectado 999 casos do novo coronavírus e 48 mortes, reconheceu que ainda não tem "a capacidade de realizar testes em larga escala nas diferentes províncias".
Imersa em uma guerra devastadora desde 2011, a Síria pode não estar pronta para enfrentar a COVID-19.
Os hospitais dispõem de equipamentos precários e há vários dias médicos e ativistas alertam nas redes sociais para o aumento "explosivo" no número de pacientes com o coronavírus.
Os números anunciados pelo governo crescem de semana para semana. De 30 de julho a 6 de agosto, as autoridades detectaram mais de 260 novos infectados, enquanto na semana anterior havia 154.
O Ministério da Saúde reconheceu que houve "uma disseminação da epidemia nas cidades" e que isso poderia piorar a situação se medidas de distanciamento não fossem respeitadas em um país que possui apenas 25.000 leitos em hospitais.
O decano da Faculdade de Medicina da Universidade de Damasco, Nubugh al Awa, considerou a situação "terrível" e explicou que "muitos cidadãos estavam indo para hospitais públicos, mas infelizmente todas os leitos estavam cheios".
"Pacientes em situação crítica só podem ser admitidos em serviços de terapia intensiva se outro paciente morrer", lamentou.
Uma atriz famosa e sete jogadores da seleção nacional de futebol também deram positivo, aumentando a ansiedade entre os sírios.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia manifestado preocupação em junho com a circulação do vírus na Síria, onde "a infraestrutura está em más condições e o sistema de saúde está enfraquecido pelo conflito".
O ministro da Saúde da Síria, Nizar Yazijo, criticou repetidamente as sanções ocidentais impostas ao regime de Bashar al-Assad, que, segundo ele, afetaram adversamente os serviços de saúde da Síria, que agora receberam ajuda da ONU e da China e da Rússia para lidar com a pandemia.
Yazijo denunciou recentemente "as grandes dificuldades em obter aparelhos respiratórios por causa dessas sanções".
Diante do aumento de infecções, as autoridades sírias exigiram o fechamento de academias e escolas de verão e a suspensão de todos os eventos esportivos.