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Médicos afirmam que não encontraram veneno no opositor russo Navalny

Os médicos que tratam o opositor russo Alexei Navalny, em cuidados intensivos após passar mal, disseram nesta sexta-feira (21) que não encontraram "nenhum veneno" em seu organismo, enquanto seus parentes e aliados tentam transferi-lo para o exterior

AFP
21/08/2020 às 09:03.
Atualizado em 25/03/2022 às 15:57

Os médicos que tratam o opositor russo Alexei Navalny, em cuidados intensivos após passar mal, disseram nesta sexta-feira (21) que não encontraram "nenhum veneno" em seu organismo, enquanto seus parentes e aliados tentam transferi-lo para o exterior.

A família e os aliados de Navalny, de 44 anos, consideraram a recusa do hospital de liberar sua transferência como uma "ameaça à vida" do opositor, uma que um avião médico fretado por uma ONG já espera em Omsk, na Sibéria, com a esperança de levá-lo para a Alemanha.

França e Alemanha ofereceram na quinta-feira "toda ajuda médica" ao opositor e cobraram esclarecimentos sobre as circunstâncias que o levaram à internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, em coma e conectado a um respirador artificial.

Seus aliados acreditam que ele foi vítima de "envenenamento intencional", "com algo misturado ao seu chá".

"Até o momento, nenhum veneno foi identificado no sangue e na urina, não há traços dessa presença", declarou a jornalistas Anatoly Kalinichenko, vice-diretor do Hospital de Emergências nº1 de Omsk, onde o opositor foi admitido.

"Não acreditamos que ele tenha sofrido envenenamento", continuou. Segundo ele, o estado de Navalny é "instável", o que não permite sua transferência para o exterior.

O chefe do hospital, o médico Alexander Murakhovsky, também determinou que a questão da transferência era "prematura" antes de "uma estabilização completa do paciente".

Segundo ele, a hipótese privilegiada é a de um "desequilíbrio glicêmico, ou seja, um distúrbio metabólico" no opositor, que pode ter sido causado por "uma queda brusca dos níveis de açúcar no sangue".

O hospital também deve resolver "certas questões jurídicas" antes de permitir que os médicos europeus consultem Navalny. Especialistas de Moscou chegaram durante a noite para examiná-lo.

Os médicos disseram que os testes continuariam por dois dias. Não houve complicações durante a noite e o estado de saúde do opositor melhorou ligeiramente esta manhã, embora continue inconsciente, de acordo com Murakhovsky.

A recusa de transferir Navalny para o exterior foi denunciada por seu braço direito Leonid Volkov como uma "decisão política e não médica".

"Eles esperam que as toxinas saiam e deixem de ser detectáveis no corpo. Não há diagnóstico ou análise. A vida de Alexei corre grande perigo", escreveu no Twitter.

O Kremlin, por sua vez, considerou que se trata de uma decisão "puramente médica" e que os médicos russos estão fazendo "todo o possível para apurar as razões do problema de saúde do paciente e para curá-lo".

A porta-voz do opositor, Kira Iarmych, estimou que seria "fatalmente perigoso" deixá-lo no hospital "não equipado" de Omsk.

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