INTERNACIONAL

Manifestantes voltam às ruas em Mianmar e ONU pede que exército pare de assassiná-los

Os birmaneses voltaram a protestar nesta quinta-feira (4) nas ruas do país, apesar do medo e da violenta repressão, que deixou pelo menos 54 mortos, segundo a ONU, que pediu às forças de segurança que parem de "assassinar" os manifestantes

AFP
04/03/2021 às 17:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 10:04

Os birmaneses voltaram a protestar nesta quinta-feira (4) nas ruas do país, apesar do medo e da violenta repressão, que deixou pelo menos 54 mortos, segundo a ONU, que pediu às forças de segurança que parem de "assassinar" os manifestantes.

O exército, que assumiu o poder após derrubar o governo civil de Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro, "deve parar de assassinar e prender manifestantes", clamou Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.

"Também estou chocada com os ataques documentados a equipes médicas de emergência e ambulâncias que tentam prestar cuidados a pessoas feridas", acrescentou.

Os protestos continuam pelo país. Em Yangon, a capital econômica, pequenos grupos foram formados. "Estamos unidos", gritaram os manifestantes, protegidos atrás de barricadas construídas com pneus velhos, tijolos, sacos de areia, bambu e arame farpado.

Perto dali, comerciantes tentavam vender suas mercadorias o mais rápido possível. "É perigoso permanecer aqui. A polícia e o exército também atiram nas ruas. É melhor retornar para casa e sair de novo à noite", afirmou à AFP um vendedor ambulante de comida.

Algumas manifestações foram dispersadas com gás lacrimogêneo e tiros foram ouvidos, de acordo com a mídia local.

Os manifestantes caminhavam sobre cartazes do comandante da junta militar, Min Aung Hlaing, presos no chão, uma tática para irritar os integrantes das forças de segurança, que não ousariam fazer o mesmo.

Na quarta-feira, as forças de segurança usaram munição letal em várias cidades para dispersar as manifestações pró-democracia. As imagens divulgadas nas redes sociais mostram manifestantes cobertos por sangue e com ferimentos na cabeça.

Ao menos 38 pessoas morreram na véspera, segundo a emissária da ONU para Mianmar, a suíça Christine Schraner Burgener.

Ao menos 54 civis foram mortos desde o golpe, segundo as Nações Unidas. Entre as vítimas estão quatro menores de idade, incluindo um adolescente de 14 anos, segundo a ONG Save the Children.

O exército, por sua vez, afirma que um policial morreu.

"O uso de força letal (...) mostra quão pouco as forças de segurança temem ser responsabilizadas por suas ações", disse Richard Weir, da Human Rights Watch.

Os birmaneses continuam enterrando seus mortos.

Uma multidão se reuniu nesta quinta-feira em Mandalay, a segunda maior cidade do país, para o funeral de uma jovem de 19 anos que faleceu na quarta-feira. "Sem perdão para vocês até o fim do mundo", gritaram as pessoas reunidas ao redor do caixão, coberto de flores.

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