INTERNACIONAL

Manifestantes em Beirute tomam à força Ministério das Relações Exteriores

Manifestantes enfurecidos invadiram o Ministério das Relações Exteriores neste sábado (8) em Beirute, enquanto a indignação cresce entre os libaneses quatro dias após a gigantesca explosão que comoveu o mundo

AFP
08/08/2020 às 16:47.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:05

Manifestantes enfurecidos invadiram o Ministério das Relações Exteriores neste sábado (8) em Beirute, enquanto a indignação cresce entre os libaneses quatro dias após a gigantesca explosão que comoveu o mundo.

Milhares de libaneses saíram às ruas, em Beirute, para protestar contra a classe política que eles culpam pelas terríveis explosões que devastaram parte da capital, matando mais de 150 pessoas e ferindo 6.000.

Nos arredores da Praça dos Mártires, tradicional epicentro de contestações populares na capital, houve confrontos entre as forças de segurança, que lançaram bombas de gás lacrimogêneo, e jovens armados com pedras.

Para os libaneses, atingidos por uma grave crise econômica, a explosão foi a gota d"água e alimentou um movimento de protestos que havia começado em outubro contra a classe política, considerada corrupta e incompetente, mas que havia perdido força devido à pandemia da COVID-19.

Em um discurso transmitido na televisão, o primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, anunciou que irá propor a antecipação de eleições legislativas, ao acreditar que somente um sufrágio permitirá "sair da crise estrutural". O mandatário afirmou estar disposto a permanecer "por mais dois meses" no poder, enquanto as forças políticas entram em acordo sobre o tema.

A Cruz Vermelha libanesa informou pelo Twitter que 63 pessoas ficaram feridas na manifestação e foram levadas ao hospital, enquanto outras 173 receberam atendimento médico no local.

Enquanto as forças de segurança se concentravam em manter a ordem na manifestação, cerca de 200 manifestantes, liderados por oficiais da reserva do exército, tomaram à força a sede do Ministério das Relações Exteriores, proclamando o local "sede central da revolução", segundo imagens transmitidas ao vivo pela televisão.

O general da reserva Samir Rammah urgiu através de um megafone a população a perseguir "todos os corruptos", enquanto manifestantes arrancavam e pisoteavam o retrato do presidente Michel Aoun.

Ao grito de "Abaixo o reino dos bancos", outro grupo de manifestantes invadiu a sede central da Associação de Bancos, no centro da capital, e atearam fogo no local antes de serem expulsos pelo exército, segundo um fotógrafo da AFP que acompanhou os fatos.

Outros manifestantes tomaram o Ministério do Comércio, assim como o de Energia, segundo a televisão local.

A polícia libanesa informou pelo Twitter que um agente de segurança morreu nos confrontos, após um ataque ao hotel Le Gray, enquanto ajudava pessoas que estavam presas no edifício.

Na Praça dos Mártires o lema de milhares de pessoas era "Dia do Julgamento", com a instalação de guilhotinas de madeira nas ruas. A hashtag #enforquemeles circula há vários dias nas redes sociais.

"Vingança, vingança, até a queda do regime", gritavam os manifestantes, alguns usando máscaras, outros bandeiras ou retratos das vítimas da explosão, enquanto as forças de segurança tentavam impedir alguns grupos de avançar em direção ao parlamento, de acordo com correspondentes da AFP.

O incidente de terça-feira no porto, cujas circunstâncias ainda não estão claras, teria sido causado por um incêndio que afetou um enorme depósito de nitrato de amônio, um produto químico perigoso.

O desastre deixou pelo menos 158 mortos, mais de 6.000 feridos, incluindo 120 em estado crítico, de acordo com o ministério da Saúde libanês, além de quase 300.000 desabrigados.

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