INTERNACIONAL

Manifestantes de Mianmar lutarão 'até o fim', apesar da repressão militar

Dezenas de milhares de manifestantes voltaram às ruas nesta quarta-feira (17) em Mianmar, afirmando que lutarão "até o fim" contra o golpe de Estado, apesar da repressão da junta

AFP
17/02/2021 às 11:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 18:05

Dezenas de milhares de manifestantes voltaram às ruas nesta quarta-feira (17) em Mianmar, afirmando que lutarão "até o fim" contra o golpe de Estado, apesar da repressão da junta.

Em Yangon, os manifestantes se reuniram perto do famoso pagode de Sule, no centro da capital econômica.

Em uma tentativa de impedir o envio das forças de segurança, alguns bloquearam várias ruas com carros e caminhões, alegando que estavam com defeito.

Outros marcharam a pé, ou em veículos de duas rodas com cartazes que diziam "Luta pela democracia!", "Rejeite o golpe de Estado!" e "Respeite a lei!".

"Devemos lutar até o fim", disse à AFP um birmanês de 21 anos.

"Aqui é onde lutamos por nossas vidas durante a repressão de 1988", lembra Nilar Thein, uma estudante da época. "Não podemos deixar que a geração mais jovem enfrente as mesmas atrocidades", afirma. Cerca de 3.000 pessoas perderam a vida durante este levante popular.

Não houve registros de incidentes, ou de presença militar significativa.

O relator da ONU Tom Andrews disse temer, porém, uma retomada da violência, depois de receber informações sobre o envio de tropas "das regiões periféricas para Yangon".

"No passado, esses movimentos de tropas precediam as matanças, desaparecimentos e detenções em massa", alertou Andrews, que disse estar "apavorado".

Em Naipyidó, capital administrativa onde a ex-chefe do governo civil Aung San Suu Kyi se encontra sob prisão domiciliar, funcionários, engenheiros e estudantes protestaram em grande número aos gritos de "Nos ajudem a salvar Mianmar!". Outras manifestações também aconteceram em todo país.

Após o golpe de Estado em 1o de fevereiro que encerrou uma frágil transição democrática de dez anos, os militares reforçaram a repressão com a proibição de reuniões, cortes de Internet, prisões noturnas e reforço do arsenal legislativo.

O medo das represálias está na lembrança de todos no país, que viveu sob o jugo dos militares durante quase 50 anos desde sua independência em 1948.

Várias manifestações geraram fortes tensões nos últimos dias.

A polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha em várias ocasiões, deixando muitos feridos.

Uma jovem de 20 anos que recebeu um disparo na cabeça - provavelmente com balas reais - encontra-se em estado de morte cerebral.

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