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Manifestações contra o golpe prosseguem em Mianmar; militares ameaçam responder

Milhares de cidadãos saíram às ruas de Mianmar nesta segunda-feira (8) para protestar contra o golpe de Estado que derrubou o governo de Aung San Suu Kyi há uma semana e, pela primeira vez, as novas autoridades fizeram uma advertência contra os manifestantes e afirmaram que poderiam responder às ameaças contra a segurança pública

AFP
08/02/2021 às 22:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 20:41

Milhares de cidadãos saíram às ruas de Mianmar nesta segunda-feira (8) para protestar contra o golpe de Estado que derrubou o governo de Aung San Suu Kyi há uma semana e, pela primeira vez, as novas autoridades fizeram uma advertência contra os manifestantes e afirmaram que poderiam responder às ameaças contra a segurança pública.

"Devem ser adotadas ações com base na lei (...) contra as infrações que perturbam, impedem e destroem a estabilidade do Estado, a segurança pública e o Estado de direito", anunciou a emissora MRTV, controlada pelo Estado.

Esta é a primeira advertência das autoridades desde o início das manifestações no sábado em Yangon, a capital econômica de Mianmar.

O papa Francisco falou nesta segunda pelo segundo dia consecutivo sobre a situação em Mianmar e pediu a "rápida libertação" de todos os detidos.

Também nesta segunda-feira, os trabalhadores responderam à convocação de greve geral e se uniram aos protestos.

"Não vamos trabalhar mesmo que reduzam nossos salários", declarou à AFP Hnin Thazin, funcionário de uma confecção. "Não quero ditadura", completou.

Além disso, os protestos contaram com a presença de monges e novamente de estudantes, que exibiram bandeiras com as cores da Liga Nacional para a Democracia (LND), partido de Aung San Suu Kyi, detida desde segunda-feira passada.

"Libertem nossos dirigentes", "Respeitem nossos votos", "Rejeitem o golpe de Estado", afirmavam os cartazes.

"Antes vivíamos com medo, mas tivemos um governo democrático durante cinco anos. Já não temos medo. Não vamos nos dar por vencidos", disse Kyaw Zin Tun, engenheiro de 29 anos.

Em Naypyidaw, capital do país, as forças de segurança birmanesas usaram jatos de água para dispersar os manifestantes. Duas pessoas ficaram feridas, de acordo com testemunhas.

No domingo, as manifestações, as maiores desde a revolta popular de 2007, que foi violentamente reprimida pelo Exército, aconteceram sem incidentes.

"Na segunda-feira, a revolução em todo o país contra a ditadura", afirmava uma mensagem distribuída à imprensa, que convocava funcionários públicos e trabalhadores do setor privado a unir-se ao movimento.

Dezenas de funcionários de vários ministérios entraram em greve na semana passada em sinal de protesto.

Qual é o objetivo dos manifestantes?, pergunta Soe Myint Aung, analista do Centro de Pesquisas Independente de Yangon. "Retornar ao frágil equilíbrio entre governo civil e militares de antes das legislativas de novembro de 2020 ou remover totalmente o poder do Exército?".

No dia 1 de fevereiro, os generais golpistas acabaram com uma frágil transição democrática: eles instauraram o estado de emergência por um ano e prenderam Aung San Suu Kyi, além de outros dirigentes da LND.

Ao menos 150 pessoas - deputados, autoridades locais, ativistas - continuam detidos, de acordo com ONGs e fontes da LND.

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