O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, constituiu nesta segunda-feira (27) um gabinete limitado para negociar a formação de um governo de união nacional, conforme as recomendações de uma cúpula extraordinária da África ocidental, que ameaçou quem se opuser com sanções
O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, constituiu nesta segunda-feira (27) um gabinete limitado para negociar a formação de um governo de união nacional, conforme as recomendações de uma cúpula extraordinária da África ocidental, que ameaçou quem se opuser com sanções.
Os 15 chefes de Estado da Comunidade Econômica da África Ocidental (CEDEAO), reunidos em videoconferência, exortaram o Mali à "união sagrada" para resolver a crise que abala o país desde junho.
O chefe de Estado maliense anunciou à noite, em decreto lido pela secretária-geral da Presidência, Kamissa Camara, a formação imediata, em torno do primeiro-ministro, Boubou Cisée, de uma equipe "ministerial restrito, cuja missão é negociar com as partes interessadas e com vistas à formação de um governo de união nacional capaz de contribuir para acalmar a situação".
Vários pesos-pesados do gabinete anterior, que se demitiu após as legislativas de março-abril, mantêm seus postos: Tiébilé Dramé como chefe da diplomacia, o general Ibrahim Dahirou Dembélé na Defesa, Boubacar Al´ha Bah na administração territorial.
O advogado e persanalidade política Kassoum Tapo assumirá o ministério da Justiça e o general de divisão Bemba Moussa Keita será o ministro da Segurança.
O poder fez um gesto à oposição, ao nomear para a pasta de Economia e Finanças um ex-banqueiro, Abdoulaye Daffé, considerado próximo ao mentor da principal personalidade dos protestos, o imã Mahmoud Dicko.
Os chefes de Estado da região, que temem uma desestabilização do Mali, epicentro da ameaça jihadista no Sahel, apoiaram os esforços de mediação feitos há semanas pela CEDEAO, informou seu presidente em exercício, o presidente nigerino Mahamadu Issufu.
E pela primeira vez, falaram em um "regime de sanções" contra "aqueles que realizarem atos contrários ao processo de normalização", afirmou Issufu, segundo uma cópia de seu discurso ao final da reunião, que durou cerca de três horas.
Os membros do Conselho de Segurança da ONU acentuaram a pressão e exigiram que todas as partes "sigam estas recomendações sem demora", após expressar sua "profunda preocupação".
A este clima de exasperação, alimentado há anos pela instabilidade no centro e no norte do país, a crise econômica e a corrupção considerada endêmica, somou-se a anulação, pelo Tribunal Constitucional, de cerca de 30 resultados nas legislativas de março e abril, vistas como um desencadeador da situação atual.
Os chefes de Estado da África ocidental, que em sua maioria apoiam o presidente Ibrahim Boubacar Keita, pediram para que se faça "tudo o possível" para se conseguir a "demissão imediata dos 31 deputados cuja eleição foi questionada, inclusive o presidente do Parlamento", Moussa Timbiné.
Estas demissões abririam a via a legislativas parciais.
A cúpula pediu, ainda, uma "recomposição rápida do Tribunal Constitucional" e defendeu a formação de um "governo de união nacional com a participação da oposição e da sociedade civil", excluindo uma saída forçada de Keita, em respeito às regras constitucionais comuns à CEDEAO.
Sobretudo defendeu a formação de um "governo de união nacional com a participação da oposição e da sociedade civil" e exclui uma saída forçada de Keita.