Um manifestante foi morto nesta sexta-feira (5) em Mianmar, a última vítima até o momento da repressão da junta militar ao movimento pró-democracia, enquanto o Conselho de Segurança da ONU deve se reunir a portas fechadas em Nova York para tentar encontrar uma solução à crise que se agrava a cada dia
Um manifestante foi morto nesta sexta-feira (5) em Mianmar, a última vítima até o momento da repressão da junta militar ao movimento pró-democracia, enquanto o Conselho de Segurança da ONU deve se reunir a portas fechadas em Nova York para tentar encontrar uma solução à crise que se agrava a cada dia.
Apesar do medo de represálias, protestos ocorreram em várias cidades do país nesta sexta.
Um grupo de várias centenas de engenheiros manifestou-se nas ruas de Mandalay, a segunda maior cidade de Mianmar, gritando "libertem nossa líder!" e "não trabalhem para o exército!".
Um homem de 26 anos que ajudava nas barricadas erguidas na cidade para desacelerar o avanço das forças de segurança morreu após ser baleado no pescoço, disseram equipes médicas à AFP.
A morte ocorre dois dias após o dia mais letal da repressão, com pelo menos 38 vítimas fatais de acordo com a ONU, enquanto cenas das forças de segurança atirando nas multidões e imagens de corpos ensanguentados circulam nas redes sociais.
Em Yangon, a capital econômica do país, o distrito de San Chaung foi, como nos dias anteriores, palco de um enfrentamento, pacífico em sua maior parte, com a polícia: os manifestantes se protegendo atrás de barricadas improvisadas construídas com pneus velhos, sacos de areia e arame farpado.
Na cidade de Bago, a nordeste de Yangon, um pequeno grupo saiu em passeata com os três dedos erguidos em sinal resistência, brandindo cartazes que diziam "não aceitaremos o golpe militar".
De acordo com a polícia local, nove birmaneses se refugiaram na Índia na quarta-feira, incluindo três policiais que disseram às autoridades do estado de Mizoram (leste), na fronteira com Mianmar, que estavam fugindo para não ter que participar da repressão em seu país.
A Junta tem procurado evitar que informações sobre a repressão sejam publicadas. Desta forma, aumentou o número de cortes da Internet e baniu o Facebook, de longe a rede mais popular no país.
Mas vídeos ao vivo e imagens vazam diariamente, e a própria Junta sofreu banimento na internet nesta sexta, quando o YouTube anunciou que havia fechado vários canais militares.
Muitas partes do país também sofreram cortes de energia nesta sexta-feira, embora não esteja claro se esta foi uma medida deliberada, já que o país tem infraestrutura pouco confiável. Diversas agências governamentais atribuíram as interrupções a uma "falha do sistema".
Mas, apesar dos protestos internacionais cada vez mais fortes, a Junta parece mais determinada do que nunca a extinguir a contestação em Mianmar desde o golpe de Estado que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi.
Em um relatório divulgado quinta-feira, Thomas Andrews, um especialista independente comissionado pela ONU, ressalta que "mesmo que o futuro de Mianmar seja determinado por seu povo, a comunidade internacional deve agir urgente e decisivamente para apoiá-lo".
O relator especial das Nações Unidas recomenda, portanto, ao Conselho de Segurança, que se reúne a portas fechadas hoje para discutir a situação neste país, "impor um embargo global sobre as armas", como já faz os europeus e Canadá, e pedindo ainda "sanções econômicas específicas" contra os generais birmaneses.