Mais de mil pessoas foram detidas pela polícia na Rússia, neste sábado (23), durante as manifestações a favor do opositor russo detido Alexei Navalny - relata a ONG OVD-Info, especializada no monitoramento dos protestos no país
Mais de mil pessoas foram detidas pela polícia na Rússia, neste sábado (23), durante as manifestações a favor do opositor russo detido Alexei Navalny - relata a ONG OVD-Info, especializada no monitoramento dos protestos no país.
Segundo a organização, por enquanto, tem-se a informação de que 1.090 pessoas foram detidas em dezenas de cidades russas.
No centro de Moscou, em torno de 10.000 manifestantes se reuniram para protestar. Jornalistas da AFP assistiram a detenções violentas e a choques entre policiais e participantes na concentração.
Yulia Navalnaya, esposa de Navalny, foi presa hoje em Moscou, conforme anúncio da própria em sua conta no Instagram.
"Desculpem pela má qualidade [da foto], a luz é ruim no furgão policial", escreveu, ironicamente, em sua página, ao publicar uma "selfie".
Mais cedo, nesta mesma rede social ela havia manifestado sua intenção de protestar em Moscou em apoio a seu marido, que "não se rende nunca".
No centro da capital russa, os policiais do Batalhão de Choque prenderem em torno de 300 pessoas, segundo a mesma ONG. Os protestos seguiam em Moscou depois do meio-dia, e a polícia continuava a agredir os manifestantes com cassetetes, reagindo a bolas de neve lançadas pela multidão.
Outros cidadãos protestaram em silêncio, com faixas que diziam "Não tenho medo", ou "Não à ditadura".
Em São Peterburgo, pelo menos 10.000 pessoas também foram às ruas, segundo uma jornalista da AFP.
Ao longo do dia, a equipe do ativista anticorrupção publicou vídeos dessas manifestações, onde dezenas, centenas e até milhares de pessoas chamavam o presidente Vladimir Putin de "ladrão" e clamavam "Navalny, estamos com você", ou "Liberdade para os presos políticos".
Esta jornada de protestos, organizada por Navalny e por seus seguidores, é o mais importante desde outros similares, também liderados pelo ativista, no verão de 2019 em Moscou.
Também acontecem alguns meses antes das eleições legislativas marcadas para o outono boreal (primavera no Brasil), em um contexto de queda da popularidade do partido da situação, o Rússia Unida.
As primeiras manifestações no Extremo-Oriente e na Sibéria, onde milhares de pessoas tomaram as ruas em Vladivostok, Khabarovsk, Novosibirsk e Chita, tiveram de enfrentar um significativo dispositivo policial. E, em alguns lugares, a repressão foi brutal.
Mesmo antes do início do protesto na capital, policiais do Batalhão de Choque, em grande número, já haviam detido várias dezenas de pessoas e convocado os manifestantes a "abandonarem a concentração ilegal".
Ontem, a polícia de Moscou havia advertido que "reprimirá" qualquer protesto não autorizado que considere uma "ameaça à ordem pública".
A prefeitura da capital denunciou manifestações "inaceitáveis" em meio a uma pandemia.