INTERNACIONAL

Mais de 520 mortos na repressão em Mianmar; grupos rebeldes armados ameaçam a junta

Mais de 520 civis morreram em ações das forças de segurança desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro em Mianmar e os grupos rebeldes armados ameaçam aderir aos protestos contra a junta militar caso persista a repressão violenta

AFP
30/03/2021 às 16:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:26

Mais de 520 civis morreram em ações das forças de segurança desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro em Mianmar e os grupos rebeldes armados ameaçam aderir aos protestos contra a junta militar caso persista a repressão violenta.

Ignorando as críticas e sanções ocidentais, os generais birmaneses prosseguem com a repressão brutal, em uma tentativa de frear os protestos e greves pró-democracia que abalam o país país desde o golpe que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi.

Um total de 521 pessoas, incluindo muitos estudantes e adolescentes, morreram por tiros de policiais e militares nos últimos dois meses, de acordo com a Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP).

A ONG afirma que o número de vítimas "é provavelmente muito maior", sobretudo porque centenas de pessoas continuam desaparecidas.

Nesta terça-feira, os manifestantes da capital econômica Yangon encheram as ruas de lixo em um novo ato de resistência.

Oito pessoas morreram hoje no estado de Shan e também houve mortes nos estados de Kashin, Mandalay e Bago, segundo a AAPP.

A imprensa estatal também informou a morte de um manifestante em South Dagon, um subúrbio de Yangon, enquanto as autoridades investigam a explosão de uma bomba em uma delegacia na cidade de Bago, onde vários policiais ficaram feridos.

Os bombardeios da junta também mataram seis pessoas no estado de Karen, no leste do país, segundo a União Nacional de Karen (KNU), um dos maiores grupos armados de Mianmar.

Diante do banho de sangue, vários grupos rebeldes ameaçaram nesta terça-feira usar suas armas contra a junta.

"Se as forças de segurança continuarem matando civis, vamos colaborar com os manifestantes e adotaremos represálias", afirma uma declaração conjunta, assinada, entre outros, pelo Exército de Arakan (AA), um grupo armado com milhares de homens e recursos importantes.

"A situação corre o risco de virar uma guerra civil total", declarou à AFP Debbie Stothard, da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH).

Desde a independência de Mianmar em 1948, vários grupos étnicos entraram em conflito com o governo central para conseguir mais autonomia, acesso aos recursos naturais do país ou a uma parte do lucrativo tráfico de drogas.

Nos últimos anos o exército estabeleceu um cessar-fogo com alguns grupos e até chegou a retirar o AA de sua lista de organizações terroristas.

Mas no fim de semana passado, a junta militar executou ataques aéreos no sudeste do país contra um dos maiores grupos armados de Mianmar, a União Nacional Karen (KNU), depois que esta facção assumiu o controle de uma base militar e matou vários soldados.

Estes foram os primeiros ataques do tipo na região em 20 anos. Quase 3.000 pessoas fugiram da violência para a vizinha Tailândia, segundo organizações locais.

Nesta terça-feira, a junta lançou mais bombardeios mas Padoh Saw Taw Nee, responsável das Relações Exteriores da KNU, afirmou que o grupo armado continuaria "apoiando fortemente o movimento do povo contra o golpe de Estado militar".

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