Usando máscaras e mantendo uma distância segura, os franceses votam, neste domingo (28), no segundo turno de uma eleição municipal, na qual se espera um duro golpe para o partido do presidente Emmanuel Macron
Usando máscaras e mantendo uma distância segura, os franceses votam, neste domingo (28), no segundo turno de uma eleição municipal, na qual se espera um duro golpe para o partido do presidente Emmanuel Macron.
Todas as atenções estão voltadas para o jovem partido da situação, A República em Marcha (LREM, na sigla em francês), cujos candidatos sofreram um baque eleitoral em quase todas as grandes cidades do país, no embalo da impopularidade do inquilino do Eliseu.
A abstenção, que atingiu 55,3% no primeiro turno, pode quebrar outro recorde neste domingo. Às 12h (horário de Brasília), três horas antes do encerramento das seções eleitorais, a taxa de participação era de apenas 34,6%, quatro pontos a menos do que no primeiro turno.
Essas eleições acontecem em meio a rigorosas medidas sanitárias, diante da ameaça de um novo surto de COVID-19. Na França, o total de mortos pela pandemia é de quase 30.000 pessoas.
Nos quase 5.000 municípios onde o primeiro turno não foi realizado, as autoridades colocaram álcool em gel e pontos de acesso à água à disposição dos 16 milhões de eleitores esperados nas urnas hoje.
O primeiro turno foi em 15 de março, dois dias antes da determinação do confinamento nacional. O governo foi duramente criticado, o que levou ao adiamento do segundo turno, de início previsto para 22 de março.
Grandes cidades - como Lyon (centro-leste), Toulouse (sudoeste), ou Bordeaux (centro-oeste) - poderão ser tomadas pelos ambientalistas, que avançam com força no xadrez político francês há algumas eleições.
Já Perpignan, perto da fronteira com a Espanha, poderá ficar com a extrema direita. O ex-companheiro de Marine Le Pen, Louis Aliot, parte como o grande favorito para se tornar prefeito.
Na capital, Paris, salvo algum elemento surpresa, a prefeita em final de mandato, a socialista Anne Hidalgo, deve conseguir facilmente sua reeleição para um segundo mandato de seis anos. Nascida na Espanha, ela selou uma aliança com os Verdes.
A expectativa é que o partido do presidente Macron tenha de se contentar com a prefeitura de Estrasburgo (leste) como seu único prêmio de consolação.
"O LREM ainda não fincou raízes no nível local e está lutando para demonstrar que é uma força viável", explica o historiador e professor da Universidade de Orleans Jean Guarrigues.
Além de não ter uma ancoragem territorial sólida, comenta o cientista político da Science Po Gaspard Estrada, "os candidatos do partido do governo sofrem as consequências da impopularidade do presidente", desgastado pela revolta dos "coletes amarelos" e pelas extensas greves contra sua reforma previdenciária.
Mesmo o primeiro-ministro Edouard Philippe, cuja popularidade disparou por sua gestão da pandemia, não tem a vitória garantida em seu reduto eleitoral: a cidade portuária de Le Havre (oeste).
Se o fiasco do LREM for confirmado, os especialistas preveem uma provável reforma de gabinete que, talvez, permita a Macron se posicionar melhor para as eleições presidenciais de 2022.