Luxemburgo enfrenta, nesta segunda-feira (8), uma chuva de críticas por suas práticas fiscais que permitem que todas as fortunas evitem impostos, de acordo com a publicação de uma ampla investigação em diversos jornais europeus
Luxemburgo enfrenta, nesta segunda-feira (8), uma chuva de críticas por suas práticas fiscais que permitem que todas as fortunas evitem impostos, de acordo com a publicação de uma ampla investigação em diversos jornais europeus.
Cerca de 140.000 empresas ativas - equivalentes a uma por cada quatro habitantes - foram identificadas em Luxemburgo nesta investigação realizada pelo jornal francês Le Monde com 16 veículos associados, entre eles Le Soir (Bélgica) e Süddeutsche Zeitung (Alemanha).
Esse grupo investigador analisou quatro milhões de documentos.
Nove em cada dez empresas registradas no Grão-Ducado de Luxemburgo são propriedade de não residentes; uma em cada três empresas é uma participação ou holding na qual se incluem ativos, a priori para se beneficiar de um regime fiscal favorável, afirmam os jornalistas da investigação denominada "OpenLux".
No entanto, apenas metade dos verdadeiros donos dessas empresas são conhecidos.
"Essas empresas-fantasma, sem escritórios ou empregados, foram criadas por bilionários, multinacionais, atletas, artistas, políticos de alto escalão e inclusive famílias reais", apontou o Le Monde.
"Em uma área de 2.586 km2, Tiger Woods e a família Hermès ficam lado a lado com Shakira e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita. Centenas de multinacionais (LVMH, Kering, KFC, Amazon, etc.) abriram filiais" no território, acrescentou.
A OpenLux revela que foram ocultados em Luxemburgo fundos questionáveis suspeitos de pertencerem a atividades criminosas ou estarem vinculados a criminosos investigados.
É o caso das empresas vinculadas à máfia italiana, a Ndrangheta, e ao "submundo russo", disse o jornal francês.
Em 2014, uma investigação (LuxLeaks) já havia revelado acordos fiscais atraentes concedidos por Luxemburgo a centenas de empresas.
Desta vez, a investigação chamada OpenLux aproveitou uma diretiva aprovada pela União Europeia em 2018, que exigia a criação de registros públicos dos verdadeiros proprietários de empresas em todos os Estados-membros.
O governo de Luxemburgo reagiu a essas publicações em um comunicado, afirmando que o país "respeita plenamente todas as regulamentações europeias e internacionais em termos de impostos e transparência".
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