INTERNACIONAL

Londres e Bruxelas decidirão até domingo sobre negociação pós-Brexit

O premier britânico, Boris Johnson, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, decidiram nesta quarta-feira se dar um prazo até domingo para decidir a sorte das negociações pós-Brexit, uma vez que as divergências permanecem

AFP
09/12/2020 às 21:08.
Atualizado em 24/03/2022 às 04:02

O premier britânico, Boris Johnson, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, decidiram nesta quarta-feira se dar um prazo até domingo para decidir a sorte das negociações pós-Brexit, uma vez que as divergências permanecem.

Os dois conversaram por três horas na capital belga, diálogo que lhes permitiu "entender as posições" de cada parte, mas reconheceram que as mesmas "continuam muito distantes", motivo pelo qual decidiram convocar suas equipes negociadoras a se reunirem com urgência para tentar resolver essas questões. "Tomaremos uma decisão ao término do fim de semana", informaram.

Segundo uma fonte europeia, os contatos entre as equipes negociadoras serão retomados na manhã desta quinta-feira. Uma fonte do governo britânico, entretanto, declarou que Johnson e Ursula "concordaram em prosseguir com as conversas entre suas equipes nos próximos dias". "Grandes diferenças se mantêm" entre as posições de Londres e Bruxelas, e "não está claro se elas poderão ser superadas, mas Johnson não quer deixar sem explorar a mais mínima via para um acordo", assinalou.

Depois de oito meses de negociações, o caminho para um acordo está bloqueado em três questões: direitos de navios pesqueiros europeus em águas britânicas, normas de concorrência e ajudas estatais, além da gestão jurídica da futura relação, em particular a solução de controvérsias. Johnson e Ursula conversaram por telefone no sábado e na segunda-feira e, nas duas ocasiões, reconheceram que não estavam reunidas as condições para um acordo.

Antes de viajar a Bruxelas, o premier britânico reafirmou que não teme uma ruptura abrupta no fim do ano, apesar do fato de que as consequências serão mais duras para a economia britânica do que para a dos 27. "Com acordo ou sem, não tenho dúvida de que este país irá prosperar com força", afirmou Johnson ao parlamento britânico.

- Sem novas concessões -

O Reino Unido saiu oficialmente da União Europeia (UE) em 31 de janeiro. Desde então, as partes estão em um período de transição, que termina em 31 de dezembro, quando Londres deixará definitivamente o mercado comum e a união alfandegária. A ausência de um acordo ratificado nessa data significará que, a partir de 1° de janeiro, a relação passará a ser regida pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O principal negociador da UE, Michel Barnier, afirmou na terça-feira que o bloco "jamais" sacrificará seu futuro para obter um acordo, em uma referência evidente à incapacidade de fazer mais concessões. "O acesso ao nosso mercado tem condições", completou.

Nesta quarta-feira, a chefe de governo da Alemanha, Angela Merkel, também afirmou que "ainda há possibilidades de chegar a um acordo", mas destacou que o eventual entendimento deve "preservar a integridade do mercado interno" europeu.

Uma fonte diplomática europeia havia antecipado à AFP que a equipe da União Europeia não faria novas concessões. "O ponto crítico da negociação é a cláusula de equivalência exigida pela UE para evitar distorções de concorrência, se o Reino Unido se negar a se alinhar com os padrões fiscais, sociais e ambientais", disse a mesma fonte.

Em um gesto interpretado como um sinal de boa vontade, Londres e Bruxelas anunciaram nesta terça-feira um acordo sobre o comércio pós-Brexit na Irlanda do Norte, após uma reunião entre o ministro de Gabinete britânico, Michael Gove, e o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic.

"Com o acordo, o Reino Unido retirará as cláusulas (...) do projeto de Lei de Mercado Interno" que, em violação à lei internacional, revogavam unilateralmente partes do Tratado de Retirada.

Este projeto de lei havia sido recebido com fúria pela UE, que ameaçou levar o caso aos tribunais internacionais. Assim, o gesto britânico de eliminar as cláusulas polêmicas é visto como um aceno à possibilidade de um acordo geral.

Os líderes europeus participarão de uma reunião de cúpula na quinta e na sexta-feiras em Bruxelas. A ideia é que o encontro não tenha o Brexit na agenda.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por