Agência americana permite início do projeto na ilha Key West, na Flórida
Mostra de larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor de várias doenças (Antonio Trivelin)
O projeto 'Aedes do Bem!', da Oxitec, realizado em Piracicaba, deverá ser iniciado em Key Haven, na Flórida, nos Estados Unidos, para reduzir a população local do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Na última sexta-feira, a U.S. Food and Drug Administration (FDA, sigla em Inglês do Departamento de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos), órgão americano regulador semelhante à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgou a conclusão do estudo de impacto ambiental - Finding Of No Significant Impact, (Fonsi, sigla em Inglês para Resultado de Impacto Não Significativo) - que já teve uma análise preliminar divulgada em março deste ano. A análise final considera que o teste com o mosquito Aedes aegypti transgênico não causará impactos ambientais significativos ao meio ambiente de Key Haven, que é uma pequena península que tem aproximadamente mil habitantes, conforme dados do Wikipedia. De acordo com o comunicado da FDA, depois de considerar milhares de comentários feitos na consulta pública sobre a proposta do estudo de campo em Key Haven, o órgão avaliou e concluiu pela "inexistência de impacto significativo sobre o meio ambiente". O aviso ressalta que a conclusão não autoriza a comercialização dos mosquitos transgênicos, apenas testes serão permitidos. A empresa Oxitec, que produz o 'Aedes do Bem!', e promove testes em Piracicaba desde 2015, nesta semana, realizou uma apresentação dos resultados obtidos na cidade, em Londres, na Inglaterra. Participaram da comitiva o prefeito Gabriel Ferrato (PDB), o secretário municipal de saúde, Pedro Mello e o procurador-geral do município, Mauro Rontani. Destaque Na última semana, a iniciativa promovida em Piracicaba - que está expandindo os testes na área central - e a possibilidade do início dos testes na Flórida, foram destaques nos principais jornais britânicos e da agência de notícias Reuters. A comitiva piracicabana viajou na segunda-feira (1º), para Londres. "Desenvolvemos essa nova abordagem para enfrentar o Aedes aegypti há muitos anos e com esses resultados estamos convencidos de que nossa solução é tanto altamente efetiva quanto respaldada por credenciais ambientais. Estamos muito felizes com o anúncio da FDA, depois de uma extensa análise de nosso dossiê e de milhares de comentários públicos para o teste na Flórida. Agora estamos ansiosos para seguir em frente com o trabalho junto à comunidade de Flórida Keys", disse Haydn Parry, CEO da Oxitec. O prefeito destacou que a "confirmação da segurança ambiental do Aedes do Bem nos Estados Unidos, associada aos resultados obtidos pelo projeto em Piracicaba, é algo que deve ser levado em consideração pela Anvisa, que precisa agilizar a liberação comercial da tecnologia no Brasil, onde já existe aval da CTNBio", disse. Para o secretário de Saúde, Pedro Mello, o documento divulgado nesta sexta pela FDA reitera a grande preocupação dos EUA com a disseminação de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. "Os norte-americanos são muito cautelosos e criteriosos em suas avaliações e esse reconhecimento do 'Aedes do Bem!' pela FDA comprova ainda mais que Piracicaba foi pioneira na adoção de uma alternativa que se mostrou eficaz no combate a um problema de saúde pública tão sério como é a proliferação do Aedes aegypti", observou Pedro Mello. Resultados Em Piracicaba, o projeto 'Aedes do Bem!' começou nos bairros Cecap e Eldorado. De acordo com a Prefeitura, nesses bairros houve queda do número de casos de dengue. em 2015, o Cecap registrou 80 pessoas com a doença e, neste ano, sete. No Eldorado, de 47 doentes com dengue no ano passado, foram registrados cinco neste ano. Ao todo, Piracicaba confirmou, de janeiro a julho, 2.029 casos de dengue no município. No ano passado, no mesmo período, foram 3.682 casos.