INTERNACIONAL

Kremlin rejeita envolvimento do Estado russo no envenenamento de Navalny

O Kremlin disse, nesta quinta-feira (3), que não vê "qualquer razão" para acusar o Estado russo de envenenar o líder da oposição Alexei Navalny e pediu aos países ocidentais que evitem "julgamentos precipitados"

AFP
03/09/2020 às 11:04.
Atualizado em 25/03/2022 às 08:51

O Kremlin disse, nesta quinta-feira (3), que não vê "qualquer razão" para acusar o Estado russo de envenenar o líder da oposição Alexei Navalny e pediu aos países ocidentais que evitem "julgamentos precipitados".

"Não há razão para acusar o Estado russo", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa, acrescentando que o governo russo está aberto ao "diálogo" com a Alemanha, onde Navalny se encontra em tratamento, assim como com todos os países europeus sobre o assunto.

Segundo o governo alemão, extensos exames realizados por um laboratório do Exército no opositor russo, hospitalizado em Berlim, forneceram "prova inequívoca" do uso contra este crítico do Kremlin de 44 anos de um agente químico nervoso do tipo Novichok.

Desenvolvido pelos soviéticos na década de 1970 como uma arma química, esse agente é capaz de penetrar nos poros da pele, ou no trato respiratório.

Esta mesma substância já havia sido usada contra o ex-agente duplo russo Serguei Skripal e sua filha Yulia em 2018, na Inglaterra, de acordo com as autoridades britânicas, que culparam o Estado russo.

O caso Skripal provocou pesadas sanções ocidentais contra a Rússia, que rejeitou qualquer envolvimento, assim como a expulsão em série de diplomatas russos em todo mundo.

Nesta quinta, Peskov insistiu no fato de que "nenhuma substância tóxica" foi detectada pelos médicos russos, quando Alexei Navalny foi internado em um hospital siberiano no final de agosto, após passar mal em um avião.

"Até agora não recebemos qualquer informação" da Alemanha sobre análises que levaram à conclusão de seu envenenamento, acrescentou Peskov.

"De modo geral, não acho que envenenar essa pessoa possa beneficiar alguém", afirmou.

"Gostaríamos que nossos parceiros na Alemanha e em outros países europeus não fizessem julgamentos precipitados", acrescentou ele.

O porta-voz do Kremlin também não viu "qualquer razão" para sanções contra a Rússia neste assunto.

Depois que a Alemanha confirmou o envenenamento de Navalny, a economia russa começou a sofrer o impacto, em meio a temores de novas sanções contra Moscou.

O rublo despencou na quarta-feira à noite até seu nível mais baixo desde o pico da pandemia de coronavírus. A Bolsa de Valores de Moscou também caiu, com o índice RTS, denominado em dólar, perdendo mais de 3% no fechamento de quarta.

"As relações da Rússia com o Ocidente foram novamente envenenadas pelo Novichok", escreveu o jornal russo Kommersant, considerando óbvio que a União Europeia e os Estados Unidos estudarão a introdução de novas sanções contra Moscou.

Esta situação também pode ter consequências graves para o projeto de gasoduto Nord Stream 2, que abasteceria a Europa - e, em particular, a Alemanha - com gás russo.

O projeto está suspenso há vários meses, devido a ameaças de sanções dos EUA. Até agora, a Alemanha, principal ator europeu nesse projeto, condenava a posição de Washington.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por