Julian Assange, fundador do WikiLeaks, é uma figura polêmica que divide opiniões: defensor incansável da transparência para alguns, ele é, para outros, um perigoso divulgador de segredos, o que levou Washington a querer julgá-lo por espionagem
Julian Assange, fundador do WikiLeaks, é uma figura polêmica que divide opiniões: defensor incansável da transparência para alguns, ele é, para outros, um perigoso divulgador de segredos, o que levou Washington a querer julgá-lo por espionagem.
O australiano, de 47 anos, passou mais de oito anos privado de liberdade. Nesta segunda-feira (4), a Justiça britânica rejeitou sua extradição para os Estados Unidos e, agora, sua defesa pedirá a liberdade sob fiança.
Assange entrou na embaixada do Equador em Londres para escapar de uma extradição para a Suécia por acusações de estupro, que ele denuncia como uma armadilha para entregá-lo aos Estados Unidos.
Em abril de 2019, foi preso pela Polícia britânica, quando o presidente equatoriano, Lenín Moreno, removeu a proteção oferecida por seu antecessor Rafael Correa. Assange ficou detido em um presídio de alta segurança perto de Londres.
Com graves problemas de saúde, segundo seus advogados, coordenados em nível internacional pelo ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, começou a lutar contra o processo de extradição iniciado pelos Estados Unidos, que deseja julgá-lo por espionagem - acusação que poderia render uma pena de 175 anos de prisão.
Assange e WikiLeaks ficaram famosos em 2010 com a publicação de centenas de milhares de documentos secretos americanos que revelaram suas práticas nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
Pacifistas e defensores da transparência elogiaram-no por ter revelado mortes de civis, atos de tortura e operações militares clandestinas.
Mas a divulgação on-line de documentos não editados, que revelavam também nomes de informantes, provocou o distanciamento de alguns jornais que colaboraram inicialmente com ele, e Washington o acusou de colocar vidas em risco com sua irresponsabilidade.
A longa reclusão na embaixada equatoriana fez Assange perder seu protagonismo midiático, até que, em novembro de 2016, ele interferiu nas eleições americanas e, em outubro de 2017, fez o mesmo no processo separatista catalão.
Antes disso, porém, sua organização WikiLeaks talvez já tivesse contribuído para a vitória de Donald Trump, ao publicar milhares de mensagens secretas da campanha de sua então rival democrata, Hillary Clinton. E apoiou os separatistas catalães contra o governo espanhol da época, presidido por Mariano Rajoy, divulgando imagens da resposta policial ao referendo de independência proibido.
A campanha de Hillary acusou o WikiLeaks de difundir "propaganda russa", mas Assange negou estar a serviço de Moscou: "o WikiLeaks publicou mais de 800.000 documentos relacionados com a Rússia, ou (seu presidente Vladimir) Putin, e a maioria é crítica".
Julian Assange nasceu em 3 de julho de 1971, em Townsville, no estado australiano de Queensland.
Sua mãe, a atriz de teatro Christine Ann Assange, separou-se do pai de Julian antes de seu nascimento. Até os 15, o jovem viveu em mais de 30 cidades australianas antes de se estabelecer em Melbourne.
Aluno inteligente, estudou matemática, física e informática na universidade, sem chegar a se formar. Foi, então, seduzido pela ciberpirataria e chegou a entrar nas redes da Nasa e do Pentágono com o pseudônimo de "Mendax".