INTERNACIONAL

Israel volta ao confinamento em plena temporada de festas judaicas

A população de Israel, país com o maior índice de contágio do coronavírus nas últimas duas semanas, voltou a se confinar nesta sexta-feira (18), justamente quando começa a temporada das festas judaicas, o que gera descontentamento em grande parte de seus habitantes

AFP
21/09/2020 às 18:48.
Atualizado em 24/03/2022 às 13:02

A população de Israel, país com o maior índice de contágio do coronavírus nas últimas duas semanas, voltou a se confinar nesta sexta-feira (18), justamente quando começa a temporada das festas judaicas, o que gera descontentamento em grande parte de seus habitantes.

"O sistema de saúde levantou a bandeira vermelha", declarou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para justificar este segundo confinamento geral, que entrou em vigor às 14h (8h de Brasília) e deve se estender por três semanas.

A medida coincide com as festas de Rosh Hashanah (Ano Novo judaico, neste fim de semana), Yom Kippur (Dia do Perdão) e Sucot, que é celebrado por volta de 10 de outubro.

Na semana passada, as autoridades impuseram um toque de recolher em cerca de 40 cidades do país, especialmente em cidades árabes e judias ultraortodoxas, na esperança de desacelerar a propagação do vírus.

Isso não impediu, porém, o aumento do número de casos, com hospitais e pessoal médico sobrecarregados, apesar de, no primeiro surto da doença, o país ter sido considerado exemplar na gestão sanitária.

Entre a noite de quinta e esta manhã, o Ministério da Saúde registrou 5.238 novos casos, algo inédito.

"Fizemos tudo para tentar encontrar um equilíbrio entre as necessidades de saúde e as necessidades econômicas, mas estamos testemunhando um aumento preocupante de infecções e de casos graves nos últimos dois dias", disse Netanyahu na quinta-feira à noite.

Enquanto o primeiro-ministro falava, centenas de manifestantes, usando máscaras cobrindo o rosto, reuniram-se em Tel Aviv para protestar contra as novas medidas do governo.

"Uma epidemia de mentiras!", dizia um cartaz.

"O confinamento é injustificado", afirmou Tamir Hefetz, organizador da manifestação. "Prejudica a população e a economia, gera desemprego e suicídios", insistiu.

"Não se pode fechar um país desta forma", considerou nesta sexta o "Yediot Aharonot", o jornal mais vendido de Israel, que publicou inúmeras entrevistas com médicos, economistas e educadores, todos opostos ao reconfinamento.

Netanyahu especificou que não hesitaria em endurecer, se necessário, as restrições adotadas.

O Estado não espera que os cidadãos respeitem o confinamento tanto quanto fizeram em março, escreveu Amos Harel no jornal "Haaretz".

"No início da crise, o pânico estava no auge. Seis meses depois, as coisas estão um pouco diferentes", apontou o jornalista, criticando "a falta de relevância das decisões do governo: as instruções são complicadas, muitas vezes contraditórias e constantemente modificadas".

Horas antes da entrada em vigor do confinamento, o governo finalmente autorizou os deslocamentos até um quilômetro da casa, contra 500 metros inicialmente (e 100 metros no primeiro confinamento).

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