O Irã lembrou nesta sexta-feira (22) suas exigências ao novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para salvar o acordo sobre a política nuclear iraniana: suspender as sanções "sem condições" e desistir de tentar "extrair concessões"
O Irã lembrou nesta sexta-feira (22) suas exigências ao novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para salvar o acordo sobre a política nuclear iraniana: suspender as sanções "sem condições" e desistir de tentar "extrair concessões".
O novo governo dos Estados Unidos deve suspender "incondicionalmente" as sanções impostas por Donald Trump contra o Irã se quiser salvar o acordo nuclear, alertou o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, em um artigo publicado na revista americana Foreign Affairs.
O governo de Joe Biden "deve começar removendo incondicionalmente, com efeito total, todas as sanções impostas, reimpostas ou retomadas [contra o Irã] desde que Trump assumiu o cargo", escreveu Zarif no artigo publicado nesta sexta-feira.
Em 2015, a República Islâmica do Irã e o Grupo dos Seis (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) chegaram em Viena a um Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA) para resolver a questão nuclear iraniana após doze anos de tensão.
O pacto oferece ao Irã um alívio das sanções internacionais em troca de limitar drasticamente seu programa nuclear e garantias de que ele não tem intenção de adquirir a bomba atômica.
Mas o plano está em risco desde que o ex-presidente Donald Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo em 2018, ao mesmo tempo que restabeleceu as sanções americanas levantadas quando o documento foi assinado.
O retorno das sanções mergulhou o Irã em uma recessão profunda.
Em resposta, o Irã parou de cumprir a maioria dos compromissos acordados em Viena desde 2019.
Considerando a política iraniana de seu antecessor um fracasso, Joe Biden expressou a intenção de fazer os Estados Unidos voltar ao acordo de Viena, mas condicionou o retorno ao prévio e estrito cumprimento dos compromissos pelo Irã.
O Irã pede que as sanções sejam levantadas primeiro e que os Estados Unidos respeitem suas obrigações.
"O novo governo dos Estados Unidos ainda pode salvar o acordo, mas apenas se houver uma vontade política real que mostre que os Estados Unidos estão dispostos a ser um parceiro confiável em um esforço coletivo", escreveu Mohammad Javad Zarif no artigo.
Zarif, para quem o caminho será árduo e sobra pouco tempo, "o novo governo de Washington enfrenta uma decisão fundamental".
"Ele pode retomar a política fracassada da administração Trump [ou], Biden pode escolher um caminho melhor encerrando a política de "pressão máxima" de Trump, que falhou, e retornar ao acordo que seu antecessor abandonou", escreve ele.
Nesse caso, "o Irã retornaria, portanto, ao respeito total por [seus] compromissos", acrescentou ele.