Em meio a uma guerra de palavras sino-americana e enquanto o presidente dos Estados Unidos Donald Trump ameaça cortar o financiamento da OMS, os países-membros da Organização Mundial da Saúde adotaram nesta terça-feira (19) uma resolução sobre a avaliação da resposta internacional à pandemia
Em meio a uma guerra de palavras sino-americana e enquanto o presidente dos Estados Unidos Donald Trump ameaça cortar o financiamento da OMS, os países-membros da Organização Mundial da Saúde adotaram nesta terça-feira (19) uma resolução sobre a avaliação da resposta internacional à pandemia.
Os termos da resolução permanecem vagos quanto à sua implementação: quando será lançada? Por qual instância? Com que mandato? Que reforma da OMS pode ser esperada? A China vai aceitar uma investigação independente em seu solo?
Veja algumas respostas.
A resolução insta a OMS a lançar "o mais rápido possível" uma "avaliação independente" da resposta internacional sanitária à pandemia, incluindo das medidas tomadas pela OMS.
Se a resolução deixa a OMS livre para decidir como proceder e não aponta para a China, a organização enfrenta uma crescente pressão americana.
Os Estados Unidos e a Austrália pedem há semanas uma investigação sobre como a pandemia foi gerenciada pela OMS e pela China. Pequim recusou a ideia de uma investigação centrada na China, exigindo uma avaliação da resposta sanitária global.
Na OMS, seu chefe, o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus, acusado por Washington de ser o homem de Pequim em Genebra, também reiterou a necessidade principal de acabar com o coronavírus, garantindo que chegaria o momento das avaliações.
Diplomata experiente, este ex-ministro das Relações Exteriores da Etiópia anunciou na segunda-feira, antes da adoção da resolução, uma avaliação "no momento oportuno".
Ontem, um comitê consultivo independente da OMS publicou seu primeiro relatório sobre a pandemia, sugerindo que os países enviem suas informações mais rapidamente para a organização, forneçam mais recursos e melhorem seu sistema de alerta.
Muitos especialistas, países e observadores enfatizaram a necessidade de reformar a OMS, nascida após a Segunda Guerra Mundial, para que ela possa responder melhor aos desafios do século XXI e, em particular, às pandemias.
"A estrutura da OMS é desastrosa, porque os países votam em quase todos os assuntos. A OMS não tem poder independente: cada país tem um voto, e isso significa que a direção geral tem quase 200 chefes", explicou à AFP o epidemiologista americano Larry Brilliant.
A resolução enfatiza que a avaliação da ação da OMS deve permitir "melhorar as capacidades globais de prevenção, preparação e resposta a pandemias".
Por fim, exorta a comunidade internacional a fornecer à OMS "financiamento sustentável" em face da pandemia de COVID-19.
Embora não mencione o fato de o vírus ter surgido no final de dezembro na China, a resolução pede ao diretor-geral da OMS que colabore com a Organização Mundial de Saúde Animal, com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e com países "para identificar a fonte zoonótica do vírus e determinar como ele foi introduzido na população humana".
Enfatiza que essa abordagem pode ser feita "em particular por meio de missões científicas e de missões de colaboração no terreno".