INTERNACIONAL

Indústria britânica de apostas esportivas sofre duro golpe com coronavírus

Com a suspensão das competições esportivas devido à crise do coronavírus, a indústria britânica das apostas sofreu um duro golpe

AFP
01/04/2020 às 11:07.
Atualizado em 31/03/2022 às 05:50

Com a suspensão das competições esportivas devido à crise do coronavírus, a indústria britânica das apostas sofreu um duro golpe. A inatividade do setor pode repercutir nos clubes, devido a seu crescente e polêmico papel de patrocinador do futebol.

Desde o "Gambling Act", a lei que entrou em vigor em 2007 para autorizar a indústria da jogatina na Grã Bretanha, o setor viveu um crescimento constante. Agora, está ameaçado: sem futebol nem esporte ao vivo, as receitas caíram drasticamente.

Em 2018, o produto bruto dos jogos (PBJ) -valores apostados menos o que os apostadores receberam de premiação- foi de 14.4 bilhões de libras (16.3 bilhões de euros), contra 8.4 bilhões de libras (9.5 bilhões de euros) em 2011.

Em meio a atividades variadas -cassinos online, loteria nacional, raspadinha, cassinos físicos e bingos-, as apostas, esportivas ou não, são as galinhas dos ovos de ouro do setor, com 5.2 bilhões de libras (5.9 bilhões de euros) de PBJ no ano passado. Desse valor, 1.5 bilhão de libras (1.7 bilhão de de euros) vem de apostas com o futebol.

Tudo é possível no mundo das apostas, como mostrou Peter Edwards, que apostou 5 libras (5,6 euros) em 2000 que seu neto de três anos jogaria na seleção galesa de futebol. Em 2013, quando Harry se tornou aos 16 anos o mais jovem jogador a defender o País de Gales, seu avô ganhou 125.000 libras (141.000 euros).

O impacto da suspensão dos jogos de futebol, mas também de rugby e críquete, sem esquecer as corridas de cavalo, outro bastião do mundo das apostas, é violente e imediato.

A casa de apostas William Hill, com 53% de sua receita bruta oriunda de apostas esportivas, cancelou o pagamento de dividendos aos acionistas e estima em 110 milhões de libras (120 milhões de euros) o possível impacto da crise de saúde em suas receitas.

A Flutter Entertainement"s, empresa que gere a Betfair e a Paddy Power, está ainda mais exposta, com 78% de sua receita procedente de apostas esportivas e um impacto de cerca de 100 milhões de libras em suas contas.

O cancelamento do Grand National, a famosa corrida de cavalos com obstáculos que é disputada perto de Liverpool no início de abril, significará um prejuízo de cerca de 100 milhões de libras, segundo Barry Orr, porta-voz da Betfair.

"Fora os tempos de guerra, nunca havia tido tanta turbulência", garantiu à AFP William Woodhams, presidente da Bookmaker Fitzdares.

"É um duro golpe na industria do esporte e pagaremos o preço por vários anos. É uma verdadeira catástrofe, muitos irão à falência", completou.

Apesar da má situação do setor, não se pode esperar simpatia por parte da opinião pública britânica por uma industria muitas vezes criticada pela falta de ação contra o vício e por sua presença cada vez maior no futebol e no rugby.

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