INTERNACIONAL

Indígenas do Equador acionam chinesa PetroOriental por mudanças climáticas

Um grupo de indígenas da Amazônia equatoriana apresentou nesta quinta-feira (10) uma ação constitucional contra a estatal chinesa PetroOriental, à qual acusa de contribuir com as mudanças climáticas, ao queimar o gás do subsolo nas operações de extração de petróleo

AFP
10/12/2020 às 22:08.
Atualizado em 24/03/2022 às 04:10

Um grupo de indígenas da Amazônia equatoriana apresentou nesta quinta-feira (10) uma ação constitucional contra a estatal chinesa PetroOriental, à qual acusa de contribuir com as mudanças climáticas, ao queimar o gás do subsolo nas operações de extração de petróleo.

Dirigentes da aldeia waorani, de Miwaguno, recorreram a um tribunal de Francisco de Orellana (a leste de Quito e capital da província homônima) para apresentar esta ação "na qualidade de vítimas".

"Temos visto nosso estilo de vida ser alterado para sempre", diz a ação constitucional. "Nossa própria subsistência está ameaçada em consequência das mudanças climáticas".

Os aborígines querem pôr fim às línguas de fogo emitidas pelos queimadores e a fumaça esbranquiçada que se espalha pelo vento.

"A chuva tem gosto de carvão. A usamos mesmo assim porque não temos água potável", conta à AFP Menare Omene, uma waorani de 52 anos, cuja comunidade de 150 waoranis distribuídos em 40 famílias apresentou a ação pelas mudanças climáticas.

A PetroOriental opera os blocos 14 e 17, ambos na província de Orellana e dos quais extrai 10.000 barris por dia (bd). O petróleo é a principal fonte de divisas do Equador, que produz 469.000 bd e exporta 76%, o que gerou 3,35 bilhões de dólares entre janeiro e setembro deste ano.

O ministério equatoriano da Energia estimou em 2018 que por cada barril de petróleo produzido são queimados cinco metros cúbicos de gás natural.

Se os queimadores forem apagados, o gás pode ser aproveitado nos campos de petróleo para a geração de eletricidade, o que demandaria altos investimentos ante a opção mais barata de queimá-lo, segundo a ONG ambientalista Ação Ecológica, que acompanha os demandantes.

"Queremos que os queimadores sejam apagados pelos danos ambientais ao nosso território. A contaminação está no máximo", afirma Juan Pablo Enomenga, presidente de Miwaguno.

O povoado fica relativamente perto dos poços petroleiros onde ardem vários queimadores da PetroOriental.

Juan Pablo, de 36 anos, se queixa do forte calor, do aumento das chuvas e outros problemas ambientais que os waorani associam aos queimadores.

Ele explica que há 15 anos a produção de mandioca e banana, base alimentar de sua comunidade, tem diminuído de forma progressiva. "Nem 50% do que semeamos no sítio cresce", em comparação a 2005, afirma.

A Ação Ecológica sustenta que até janeiro passado, registrou 447 queimadores operando na Amazônia equatoriana, inclusive 159 em Orellana.

Com cerca de 4.800 membros, os waorani são donos de 800.000 hectares nas províncias de Napo, Pastaza e Orellana, as duas últimas fronteiriças com o Peru. A lei reconhece a jurisdição indígena, mas mantém o poder do Estado sobre o subsolo.

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