A incerteza impera nesta segunda-feira (7) na Romênia, um dia depois das eleições legislativas em que os social-democratas receberam mais votos que os liberais pró-Europa que estão no poder, e agora o país espera que o presidente apresente as cartas para indicar quem governará o país
A incerteza impera nesta segunda-feira (7) na Romênia, um dia depois das eleições legislativas em que os social-democratas receberam mais votos que os liberais pró-Europa que estão no poder, e agora o país espera que o presidente apresente as cartas para indicar quem governará o país.
O chefe de Estado, Klaus Iohannis, que durante a campanha apoiou o Partido Liberal (PNL), no qual tem sua origem, sob risco de ser acusado de "violar a Constituição", ainda não reagiu aos números da votação, provavelmente surpreso com o resultado inesperado.
Afastado do poder no fim de 2019, após os protestos que reuniram multidões no país e as críticas de Bruxelas por "atentar contra o Estado de Direito", os social-democratas do PSD conseguiram quase 30% dos votos, de acordo com os resultados publicados pela Autoridade Eleitoral após a apuração de 90% das urnas.
O PNL do primeiro-ministro pró-europeu Ludovic Orban, que as pesquisas apontavam como favorito, recebeu 25% dos votos, pagando o preço de uma criticada gestão da pandemia e de uma crise econômica que pode ser prolongada.
O partido mantém, no entanto, uma grande probabilidade de formar o governo, graças a uma coalizão com os reformistas de uma jovem aliança de centro-direita, USR-Plus, que recebeu 15,5% dos votos.
Uma terceira formação deve se unir à coalizão: o partido da minoria magiar, UDMR, que conseguiu 6% dos votos.
Mas a tarefa dos liberais deve ser complicada. "A maioria que provavelmente será formada ao redor do PNL será extremamente frágil, pois dependerá dos interesses divergentes de outros partidos", afirmou à AFP o cientista político Adrian Taranu.
Em caso de sucesso nas negociações, "o governo poderia ser formado rapidamente, mas os liberais terão dificuldades para administrar esta aliança a longo prazo", completou, antes de destacar que o PNL estará novamente "à mercê dos social-democratas" para aprovar as reformas cruciais no Parlamento.
O PSD, que parece surpreso com sua vitória nas eleições, marcadas por uma taxa de abstenção recorde (68%), mantém o suspense sobre suas intenções.
O outro partido que superou a barreira 5% dos votos para entrar no Parlamento é o AUR (8,8%), que se descreve como "nacionalista" e tem proximidade com a Igreja ortodoxa, majoritária no país de 19 milhões de habitantes.
"Mas os social-democratas não podem estabelecer uma aliança com este partido neofascista", disse o professor de Ciências Políticas Cristian Parvulescu, ao recordar a postura antieuropeia e de ceticismo sobre o coronavírus do AUR, que passou despercebido durante a campanha.
Taranu destaca que o PSD teria o direito de propor um candidato para o cargo de primeiro-ministro e "provavelmente fará isto, para deixar o presidente Iohannis em uma posição delicada, mesmo sabendo que não tem nenhuma chance de formar a maioria".
De acordo com a Constituição, o chefe de Estado deve convocar os partidos para negociações antes de confiar a tarefa de formar o futuro governo ao partido com mais capacidade para reunir uma maioria entre os 465 deputados e senadores.
Após uma convivência turbulenta entre 2016 e 2019, com três governos social-democratas, Iohannis afirmou que não permitiria um retorno do PSD durante seu segundo mandato, que vai até 2024.
Grande vencedor das eleições de 2016, o PSD iniciou uma polêmica reforma do sistema judicial, muito criticada por Bruxelas e que provocou uma onda de protestos sem precedentes desde a queda do regime comunista no fim de de 1989.