INTERNACIONAL

Hospital em Madri submerso por segunda onda de coronavírus

No hospital Severo Ochoa de Leganés, nos arredores de Madri, um dos mais atingidos durante a primeira onda da epidemia de covid-19, a unidade de terapia intensiva está completamente lotada, e seus funcionários temem reviver o mesmo "horror"

AFP
20/10/2020 às 09:05.
Atualizado em 24/03/2022 às 10:06

No hospital Severo Ochoa de Leganés, nos arredores de Madri, um dos mais atingidos durante a primeira onda da epidemia de covid-19, a unidade de terapia intensiva está completamente lotada, e seus funcionários temem reviver o mesmo "horror".

"Estamos saturados", disse à AFP o chefe da unidade, doutor Ricardo Díaz Abad, em frente aos 12 leitos ocupados por pacientes gravemente enfermos.

Equipado com um traje completo de plástico branco, óculos de proteção, uma ou duas máscaras, duas luvas roxas em cada mão e uma capa de sapato azul, como armadura antivírus, os funcionários se revezam na unidade.

No interior, o silêncio é interrompido periodicamente por aparelhos de ventilação mecânica que ajudam pacientes nus e iluminados por um mosaico de telas.

No dia anterior, "infelizmente dois pacientes morreram", diz Díaz Abad, enquanto observa pela janela como os enfermeiros limpam homens e mulheres, todos com mais de 50 anos.

Ao contrário do que aconteceu na primeira onda, quando o hospital viveu o "horror" de não ter leitos suficientes para pacientes com covid-19, agora "abrimos uma ala" para eles, afirma o médico.

Permanece, no entanto, o medo de que a segunda onda da pandemia os supere.

Na primavera boreal (outono no Brasil), os corredores "ficavam lotados de pacientes em cadeiras, em poltronas, todos com seus cilindros de oxigênio", lembra o doutor Luis Díaz Izquierdo, de camisa verde e bandana multicolorida.

"Passa constantemente por nossa cabeça a possibilidade de que isso aconteça novamente", afirma o médico, com olhos cansados.

"A primeira onda foi um grande esforço para todos nós, tanto física quanto emocionalmente (...). Estamos mais cansados, obviamente, não tivemos tempo para nos recuperar totalmente", desabafou.

Epicentro da pandemia neste país que já registrou quase 34.000 mortes, a região de Madri ainda tem memórias frescas de uma pista de gelo transformada em necrotério há seis meses e de hospitais colapsados.

Perto do aeroporto, guindastes trabalham em um "hospital de pandemias", que as autoridades esperam inaugurar em novembro.

Para conter o vírus, Leganés, assim como a capital madrilena, está sob confinamento perimetral desde o início de outubro. Para muitos médicos, contudo, essas restrições são insuficientes para reduzir o fluxo de pacientes.

Cartazes na porta do hospital convocam manifestações. "Nunca mais mortes evitáveis!", indicam.

"A carga de trabalho às vezes nos impede de fazer todas as videochamadas que queremos" entre os pacientes e seus familiares, lamenta Sonia Carballeira, uma enfermeira de 39 anos.

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