'A importância da área rural ainda é desconhecida', diz professora
A zona rural de Piracicaba é uma das mais extensas do Estado e até do País (Christiano Diehl Neto)
A qualidade de vida no município e o seu desenvolvimento planejado e inteligente são os resultados das ações nas áreas urbana e rural. Em Piracicaba, o grau de urbanização é superior a 98%, ou seja, há menos de 2% do total de habitantes vivendo na área rural, que é a 8ª maior do Estado de São Paulo. A estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que o município tinha 391.449 habitantes, em 2015. Piracicaba tem uma área territorial de 1.378,50 quilômetros quadrados (quilômetros quadrados), é o 19º município do Estado em extensão. A área urbana ocupa 240,72 quilômetros quadrados e a rural, 1.137,78 quilômetros quadrados, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba (Ipplap), referentes a 2015. A população urbana é de 356.440 pessoas e a rural, 7.821 (Fundação Seade). Para a professora-doutora, Marly Teresinha Pereira, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura 'Luiz de Queiroz' (Esalq/USP), a importância da área rural de Piracicaba ainda é desconhecida das pessoas que vivem na área urbana, que separam o que é cidade do que é município. “A área rural de Piracicaba é um gigante adormecido com capacidade para contribuir ainda mais com o desenvolvimento sustentável do município. Há muito mais do que cana-de-açúcar. Há o conhecimento de sua gente, a produção de alimentos dos pequenos e médios agricultores e os moradores”, afirmou. Segundo ela, há um empenho da Agenda 21 de Piracicaba, que é o planejamento estratégico do município, para esclarecer a confusão entre agrícola e rural. “Muitas políticas públicas e estudos acadêmicos não fazem distinção entre eles. Agrícola é a produção econômica. O rural é mais amplo, integra o econômico, o social, o ambiental. Precisa de um planejamento global. A legislação da área rural também é diferente e tem leis próprias de uso e ocupação de solo, o que dá a essa região uma dinâmica de realidade diferente da cidade”. A Agenda 21 de Piracicaba conta com uma parte dedicada à área rural, com diagnóstico, mapas e sugere o planejamento estratégico com base na participação com os moradores. “Mais do que qualquer gestor, são os moradores que conhecem as suas necessidades técnicas para melhorar a produção e as demandas sociais. O objetivo comum é a qualidade de vida: Trabalho, Renda, Moradia, Saúde e Educação”, disse a professora Marly, que coordena o setor rural da Agenda 21, promovida pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), 'Pira 21'. Ela também foi secretária de Agricultura de Piracicaba no início dos anos 1990. Marly informa que a área rural da cidade cresceu com apoio técnico voltado à produção. Para ela, foi por meio da percepção dessa procura por conhecimento, que foi criada a Casa do Produtor Rural na Escola Superior de Agricultura 'Luiz de Queiroz' (Esalq/USP). “Eles chegavam na universidade querendo tirar dúvidas e não havia um local para recepcioná-lo e ele tinha de percorrer várias áreas do campus até encontrar um professor, geralmente ocupado. Com a Casa, esse problema foi resolvido. E além de atender as dúvidas, são oferecidos cursos que auxiliam os produtores”. A diversidade da produção, com maior área destinada à cana, é outra característica da área rural. “Temos a cana, que são commodities e a agricultura familiar com o cultivo de produtos tradicionais e orgânicos que atendem ao mercado da cidade”, disse.