Vários governos terão que apresentar explicações à justiça por sua gestão da pandemia do novo coronavírus, que continua provocando uma grave crise financeira e avança sem trégua na América Latina, onde já provocou mais de 74
Vários governos terão que apresentar explicações à justiça por sua gestão da pandemia do novo coronavírus, que continua provocando uma grave crise financeira e avança sem trégua na América Latina, onde já provocou mais de 74.000 mortes.
Do México à Argentina o número de infectados alcança 1,5 milhão. O Brasil, com 210 milhões de habitantes, superou na quinta-feira 40.000 vítimas fatais e 800.000 casos positivos, de acordo com o balanço oficial.
Em todo o planeta, a COVID-19 provocou mais de 421.000 mortes desde que foi detectada em dezembro na China e mais de 7,5 milhões de casos confirmados, segundo o balanço da AFP atualizado nesta sexta-feira. Mas os números reais podem ser muito superiores, afirmam os especialistas.
O impacto humano, financeiro e social da pandemia ainda é difícil de calcular e suas consequências têm muitos aspectos.
Na Líbia, a guerra e a divisão impedem o combate correto à pandemia. Nas prisões mexicanas de Jalisco, os abraços foram substituídos por chamadas de vídeo de cinco minutos.
No Kuwait, a pandemia privou muitas mulheres dos salões de beleza, o único local que podiam frequentar sozinhas e encontrar as amigas. Em Cuba, totalmente dependente do turismo, o governo traça um plano para receber visitantes estrangeiros e controlar, ao mesmo tempo, que eles praticamente não tenham contato com os moradores da ilha.
Nesta sexta-feira, as companhias aéreas British Airways, EasyJet e Ryanair anunciaram uma ação na justiça contra o governo britânico para que desista de impor a quarentena obrigatória de duas semanas a todos os passageiros que chegam ao Reino Unido por considerar que "terá um efeito devastador no turismo britânico e sua economia".
Na Itália, onde o coronavírus provocou 34.000 mortes, o primeiro-ministro Guiseppe Conte prestou depoimento nesta sexta-feira a um juiz da cidade de Bérgamo (norte), como parte da investigação sobre sua gestão da crise do coronavírus.
Conte falou por três horas na sede do governo em Roma, o "Palazzo Chigi", como parte da investigação aberta pela demora em declarar "zona vermelha" os municípios de Nembro e Alzano Lombardo, na região de Bérgamo, em março, em plena propagação da pandemia, o que ajudou a provocar o colapso dos hospitais.
Na Espanha, a direita e a extrema-direita anunciaram denúncias contra o governo por sua gestão da crise: por ter fornecido material de proteção defeituoso aos profissionais de saúde, pelo número de mortos notificado e pelo elevado número de idosos que faleceram em casas de repouso.
O processo contra o governo de Madri por ter permitido a grande passeata feminista de 8 de março, apesar do risco de contágio, foi arquivado nesta sexta-feira por um tribunal da capital espanhola, que não encontrou indícios de delito.
Na França também foram apresentadas quase 60 denúncias contra o governo para denunciar a gestão da crise.
As más notícias da saúde são acompanhadas pelas financeiras. O confinamento contra o coronavírus custou ao Reino Unido um quinto de seu PIB em abril, quando registrou uma queda de 20,4%, um recorde.
Em abril primeiro mês completo confinamento, a atividade econômica ficou praticamente paralisada no país, o segundo mais afetado do mundo pela pandemia, com mais de 41.000 mortes.