O governo peruano denunciou neste sábado que o presidente do Congresso, Manuel Merino, contactou de forma irregular chefes militares, para "envolvê-los" no processo de destituição contra o presidente Martín Vizcarra
O governo peruano denunciou neste sábado que o presidente do Congresso, Manuel Merino, contactou de forma irregular chefes militares, para "envolvê-los" no processo de destituição contra o presidente Martín Vizcarra.
"Fomos testemunhas de um fato gravíssimo, com a participação do presidente do Congresso, de tentar envolver as Forças Armadas em um processo político no qual não têm que ter nenhuma participação", declarou o premier e general reformado Walter Martos.
O presidente do Congresso negou a versão, mas admitiu que se comunicou com o chefe da Marinha no contexto da crise política em andamento. "Tentou-se confundir a população, fazendo a mesma acreditar que há um complô", criticou Merino em entrevista coletiva.
O Congresso peruano aprovou ontem submeter Vizcarra a um processo de destituição por "incapacidade moral". Ele é acusado de pedir a colaboradores que mentissem em uma investigação sobre um contrato polêmico envolvendo um cantor. O processo terá início na próxima sexta-feira.
Em caso de destituição de Vizcarra, Merino deverá assumir a presidência peruana até o fim do atual mandato, em 28 de julho de 2021, segundo a Constituição.
"A atitude do presidente do Congresso foi temerária, ao pretender envolver as Forças Armadas em um processo político", declarou o ministro da Defesa e general reformado, Jorge Chávez.
O chefe do Legislativo admitiu, pouco depois, que entrou em contato com o chefe da Marinha de Guerra, almirante Fernando Cerdán Ruiz, para lhe explicar o que o Congresso faz, mas negou que se trate de um complô.
Segundo o ministro da Defesa, na última quinta-feira, "antes da votação da moção de vacância (no dia seguinte, no Congresso), o titular do parlamento, Manuel Merino, comunicou-se com o comandante geral da Marinha para discutir este processo". Também telefonou para o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas, general César Astudillo, mas este não respondeu às chamadas.
"Os telefonemas não apenas foram imprudentes e fora de lugar, mas também vão de encontro à ordem democrática", criticou o ministro.
O premier Martos havia indicado ontem que existia um complô no Congresso para remover Vizcarra. "Convocamos as forças democráticas do Congresso a não se prestarem às tentativas de desestabilizar o país", disse Martos neste sábado.
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