As autoridades federais dos Estados Unidos preparam, nesta sexta-feira (15), sua décima terceira e última execução de uma série inédita, antes da transferência do poder de Donald Trump para Joe Biden, que fez campanha pela abolição da pena de morte
As autoridades federais dos Estados Unidos preparam, nesta sexta-feira (15), sua décima terceira e última execução de uma série inédita, antes da transferência do poder de Donald Trump para Joe Biden, que fez campanha pela abolição da pena de morte.
A menos que a Justiça lhe conceda um perdão de última hora, Dustin Higgs, um homem negro de 48 anos, receberá uma injeção letal na Penitenciária Federal de Terre-Haute, em Indiana.
Certa noite, em janeiro de 1996, ele convidou três jovens mulheres para o seu apartamento perto de Washington com dois amigos. Uma das garotas recusou seus avanços, e ele se ofereceu para levá-las para casa, mas em vez disso parou em terras federais isoladas.
Lá, segundo o Departamento de Justiça, ele ordenou que um de seus amigos atirasse nas três mulheres.
Em 2000, ele foi condenado à morte por sequestro e assassinato. O autor dos tiros foi condenado à prisão perpétua.
"É arbitrário e injusto punir Higgs mais do que o assassino", disse seu advogado, Shawn Nolan, em um pedido de clemência dirigido a Trump no final de dezembro.
Mas o presidente republicano, um ferrenho defensor da pena de morte, não concordou. Pelo contrário, seu governo foi à Justiça para prosseguir com a execução antes que ele deixasse a Casa Branca na próxima quarta-feira.
Um tribunal havia ordenado seu adiamento com base no fato de que Higgs havia contraído covid-19 e que seus pulmões afetados pela doença provavelmente sofreriam fortes dores no momento da injeção de pentobarbital.
O Departamento de Justiça imediatamente apelou e ganhou o caso.
Um último recurso, desta vez relacionado a questões de competência, continua pendente no Supremo Tribunal Federal, cuja maioria conservadora tem consistentemente dado sinal verde às execuções federais desde o verão passado.
O governo republicano retomou essa prática suspensa por 17 anos em julho, enquanto os estados passaram a adiar todas as execuções para evitar a disseminação do vírus.
Desde então, 12 pessoas receberam injeções letais em Terre-Haute, incluindo, pela primeira vez em quase 70 anos, uma mulher, que foi executada na terça-feira, apesar de dúvidas sobre sua saúde mental.
Biden, que tomará posse como novo presidente na quarta-feira, se opõe à pena de morte e prometeu trabalhar com o Congresso para tentar abolí-la em nível federal.
Parlamentares democratas apresentaram na segunda-feira um projeto de lei nesse sentido que tem chance de ser aprovado quando o partido retomar o controle do Senado.
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