Um colaborador de Boris Johnson renunciou ao cargo nesta terça-feira (26), manifestando as fortes tensões causadas no governo britânico por Dominic Cummings, poderoso e controverso assessor do primeiro-ministro acusado de violar as regras do confinamento
Um colaborador de Boris Johnson renunciou ao cargo nesta terça-feira (26), manifestando as fortes tensões causadas no governo britânico por Dominic Cummings, poderoso e controverso assessor do primeiro-ministro acusado de violar as regras do confinamento.
O secretário de Estado para a Escócia, Douglas Ross, divulgou sua carta de demissão no Twitter.
A polêmica surgiu quando os jornais "Daily Mirror" e "The Guardian" revelaram na sexta-feira que Cummings, mentor da campanha do Brexit no referendo de 2016, viajou 400 quilômetros em abril, apesar de o confinamento forçar os britânicos a ficarem em casa.
E cresceu durante o fim de semana prolongado. Segunda-feira, feriado no Reino Unido, Cummings defendeu em entrevista coletiva que agiu de forma "legal e razoavelmente".
Ele afirmou que, temendo estar infectado com a COVID-19, estabeleceu-se com a esposa e o filho de quatro anos na casa de seus pais em Durham, no nordeste da Inglaterra, porque procurava alguém para cuidar do menino.
Ele não se arrependeu, nem pediu desculpas. Também disse que não pensava em renunciar, apesar dos muitos pedidos a esse respeito, mesmo dentro da maioria conservadora.
De acordo com uma pesquisa do instituto YouGov divulgada nesta terça-feira, 59% dos britânicos querem que ele renuncie. Este percentual chega a 52% entre os partidários do Brexit, do qual Cummings é considerado o arquiteto.
O assessor contou com o apoio pessoal de Johnson, que disse no domingo lamentar a "confusão" e a "raiva" que agitaram o país por três dias.
"O primeiro-ministro acredita que Dominic Cummings agiu com responsabilidade e integridade", insistiu seu porta-voz nesta terça-feira.
Mas logo ficou claro que o Executivo não conseguiu apagar o fogo.
"Não fiz nenhum comentário público sobre a situação com Dominic Cummings, porque esperava ouvir todos os detalhes", afirmou Douglas Ross, no Twitter.
Mas "ainda há pontos na explicação que me causam desconforto", enfatizou.
"As pessoas do meu círculo eleitoral não puderam se despedir de seus entes queridos, as famílias não puderam chorar juntas, as pessoas não puderam visitar seus entes doentes porque estavam seguindo as recomendações do governo", afirmou Ross em sua carta.
"Não posso, de boa-fé, dizer que eles estavam errados e que um conselheiro do governo estava certo", acrescentou.
O primeiro-ministro "lamenta a decisão de Ross", disse um porta-voz de Johnson.