INTERNACIONAL

Governo bielorrusso inicia processo legal contra 'Conselho' da oposição

As autoridades bielorrussas apresentaram, nesta quinta-feira (20), acusações contra o "Conselho Coordenador" da oposição, criado para promover a transição política após as eleições presidenciais de 9 de agosto, acusando-o de "ameaçar a segurança nacional"

AFP
20/08/2020 às 13:04.
Atualizado em 25/03/2022 às 16:02

As autoridades bielorrussas apresentaram, nesta quinta-feira (20), acusações contra o "Conselho Coordenador" da oposição, criado para promover a transição política após as eleições presidenciais de 9 de agosto, acusando-o de "ameaçar a segurança nacional".

Dando continuidade ao histórico movimento de protesto pela saída de Alexander Lukashenko, este "Conselho" foi veementemente denunciado pelo presidente, que o vê como uma tentativa da oposição de "tomar o poder" e ameaçou "esfriar algumas cabeças exaltadas" que o integram.

"O objetivo da criação e das atividades desse conselho é tomar o poder e minar a segurança nacional de Belarus", repreendeu o procurador-geral da República, Alexandre Koniuk, em vídeo postado nesta quinta-feira na rede social Telegram.

Ele anunciou a abertura de uma investigação por "chamado a ações tendentes a prejudicar a segurança nacional", acusação que pode acarretar penas de três a cinco anos de prisão.

Ivan Noskevich, diretor do Comitê de Investigação de Belarus, órgão encarregado dos processos criminais, disse que um "grupo de investigação" foi criado e que já havia "iniciado o seu trabalho".

A oposição rejeita essas acusações, denunciando a "pressão e repressão contra cidadãos pacíficos".

O "Conselho de Coordenação" da oposição reuniu-se pela primeira vez na quarta-feira e pediu a organização de novas eleições "de acordo com as normas internacionais" e o "início imediato das negociações" com as autoridades.

Entre seus membros está a prêmio Nobel de Literatura, Svetlana Alexievich, e Pavel Latushko, ex-ministro e embaixador.

Lukashenko enfrenta manifestações diárias e uma greve convocada pela oposição, que rejeita o resultado das eleições.

A União Europeia (UE) declarou na quarta-feira estar "ao lado dos bielorrussos" e rejeitou o resultado, após uma cúpula extraordinária em que também prometeu sanções adicionais contra autoridades bielorrussas responsáveis por "violência, repressão e fraude eleitoral".

Antes, a principal figura da oposição, Svetlana Tikanovskaia, refugiada na Lituânia, pediu aos europeus que rejeitassem o "falso" resultado das eleições, considerando que Lukashenko "perdeu toda a legitimidade".

Sua porta-voz, Anna Krassulina, disse à AFP nesta quinta-feira que ela está "muito grata" pelo apoio europeu e pediu aos líderes do regime que estabeleçam um diálogo com a oposição, por uma "transição pacífica de poder".

"Entraremos nessas negociações após um gesto de boa vontade da parte deles com a libertação de todos os presos políticos", afirmou, acrescentando que os protestos vão continuar.

Lukashenko, de 65 anos, rejeitou repetidamente a ideia de deixar o poder. Na quarta-feira, ordenou o fortalecimento dos controles nas fronteiras e pediu às forças de ordem para que garantam que "não haja mais agitação em Minsk".

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por