INTERNACIONAL

Governo afegão pede a talibãs para prorrogar o cessar-fogo

O governo afegão pediu neste domingo (2) que os talibãs estendam o cessar-fogo de três dias iniciado na sexta-feira no Afeganistão, um pedido pouco habitual que ocorre após a conclusão bem sucedida de uma troca de prisioneiros

AFP
02/08/2020 às 16:14.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:30

O governo afegão pediu neste domingo (2) que os talibãs estendam o cessar-fogo de três dias iniciado na sexta-feira no Afeganistão, um pedido pouco habitual que ocorre após a conclusão bem sucedida de uma troca de prisioneiros.

A frágil calma foi rompida neste domingo depois que um grupo armado atacou um presídio em Jalalabad, no leste do Afeganistão, provocando a morte de pelo menos três pessoas em um ataque do qual os talibãs se desvincularam.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, e os talibãs deram a entender que depois do fim da festa muçulmana do Aid al Adha, poderiam ter início negociações entre o governo e os insurgentes.

"Esperamos que os talibãs não retomem a violência", afirmou Sediq Sediqqi, porta-voz da Presidência. "As ações do governo afegão e os passos dados a favor do processo devem ser recíprocos da parte dos talibãs", acrescentou.

O acordo assinado entre os talibãs e os Estados Unidos em fevereiro previa o início das chamadas negociações interafegãs em março, mas estas foram adiadas por rivalidades políticas e pela questão da troca de prisioneiros.

Este acordo de Doha estipulava que o governo libertasse 5.000 insurgentes e os talibãs, 1.000 integrantes das forças de segurança afegãs.

As autoridades informaram neste domingo que 300 talibãs tinham sido libertados desde a sexta, elevando a 4.900 o número de insurgentes que saíram da prisão, embora tenham se negado a libertar alguns dos detidos acusados de crimes graves.

Os talibãs também afirmaram ter cumprido seu compromisso.

O raro respiro que a trégua representou, a terceira em 19 anos de conflito, permitiu aos afegãos se deslocar e ver suas famílias.

"Pude visitar meu povoado pela primeira vez em dois anos", assegurou Khalil Ahmad, procedente da instável província de Uruzgan, controlada pelos insurgentes.

"Havia vários postos de controle dos talibãs na estrada, mas não incomodaram ninguém", explicou.

Shahpoor Shadab, morador de Jalalabad (leste), explicou à AFP que este "Aid se sente diferente, os parques estão cheios de gente".

"Quase conseguimos esquecer que o país está em guerra há 40 anos", esclareceu, satisfeito.

"Estou um pouco desanimado, pois os mortos e o sangue podem voltar a partir de amanhã", admitiu Fawad Babak, comerciante de Cabul.

Na província de Zabul, foram recitados poemas pedindo que a trégua seja permanente.

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