INTERNACIONAL

Global Witness registra recorde de 212 homicídios de ambientalistas em 2019

Em todo o mundo muitos dos que se engajam na luta contra o desmatamento, a mineração e projetos agroindustriais acabam perdendo a vida e o ano de 2019 registrou um recorde de 212 assassinatos, informou a ONG Global Witness

AFP
28/07/2020 às 22:36.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:45

Em todo o mundo muitos dos que se engajam na luta contra o desmatamento, a mineração e projetos agroindustriais acabam perdendo a vida e o ano de 2019 registrou um recorde de 212 assassinatos, informou a ONG Global Witness.

Segundo a organização, quase um terço dos homicídios foi registrado na Colômbia. Trinta e três ativistas foram assassinados na Amazônia (a grande maioria no Brasil), lutando contra o desmatamento provocado por megaprojetos agrícolas e de mineração.

"Em um momento em que precisamos proteger mais do que nunca o planeta das indústrias destrutivas e que emitem CO2, os assassinatos dos defensores do meio ambiente e da terra nunca foram tão numerosos" desde que começaram a ser contabilizados, em 2012, alerta a ONG britânica.

As vítimas são líderes indígenas, guardas florestais responsáveis por proteger a natureza e ativistas ambientais. O relatório anual, que será publicado nesta quarta-feira (29) supera as cifras de 2017, quando houve 207 mortes. E, como ocorre todos os anos, "nossas cifras certamente estão subestimadas", adverte a Global Witness.

Em 2019, metade destes homicídios foi praticado em dois países: Colômbia, que com 64 vítimas ocupa um lugar de destaque na América Latina, que em seu conjunto representa dois terços do total, seguida das Filipinas, com 43 mortos.

Nestes dois países e no restante do mundo, os representantes dos povos indígenas (40% dos assassinados em 2019) que vivem integrados ou perto da natureza "enfrentam riscos desproporcionais de represálias" por defender "suas terras ancestrais".

No contexto de uma reconstrução do mundo pós-COVID mais verde, a defesa e a proteção dos ambientalistas é "vital", enfatiza a ONG que, ao contrário, constata uma "intensificação dos problemas (...) com governos de todo o planeta".

Em Estados Unidos, Brasil, Colômbia, Filipinas... Políticos se serviram da crise sanitária para tornar mais draconianas as medidas para controlar os cidadãos e reverter normas ambientais que custaram tanto para ser implementadas.

"Estratégias que vão de campanhas de calúnia a julgamentos espúrios para silenciar quem luta contra o aquecimento global (...) [sendo] inclusive acusados de delinquentes ou terroristas".

As mulheres, que representam 10% destas mortes, às vezes também são vítimas de violência sexual.

Mas, a Global Witness também destacou as poucas vitórias obtidas por ativistas "corajosos e tenazes".

É o caso dos indígenas Waorani, da Amazônia equatoriana, onde a justiça bloqueou à indústria do petróleo o ingresso às suas terras ancestrais. "É por nossas florestas e para as futuras gerações", insistiu Nemonte Nenquimo, um dos líderes. O governo apelou da decisão judicial.

Nas Filipinas, Datu Kaylo Bontolan, líder do povo Manobo, morreu em um bombardeio em abril de 2019, quando sua comunidade lutava contra um projeto de mineração, o setor mais letal para os ambientalistas (50 mortos).

A agroindústria vem logo depois, com 34 ativistas assassinados, contrários às fazendas de palma, açúcar e frutas tropicais, grande parte na Ásia.

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