Sujeira no rio

Garrafas pet e plásticos acumulam em pontos no Rio Piracicaba

"Tem período em que o lixo circula em volume alto pelo menos duas vezes por semana", revela o Gordo do Barco

Romualdo Cruz Filho
17/05/2022 às 09:06.
Atualizado em 17/05/2022 às 09:07
Garrafas pet tomavam conta da superficie do rio Piracicaba ontem (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Garrafas pet tomavam conta da superficie do rio Piracicaba ontem (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Se por um lado tem havido cobranças institucionais para que as cidades localizadas à montante melhorem as condições das águas que despejam no rio Piracicaba, a fim de reduzir e eliminar a poluição no manancial, por outro, há ainda um descuido bastante grave das autoridades ambientais para fiscalizar e investigar crimes dessa natureza na região. 

Além de fatos recentes, que têm levado à morte quantidade enorme de peixes, neste sábado (14) de manhã, da altura da Casa do Povoador para baixo, o rio estava tomado por garrafas pet boiando livremente, sem que tivesse havido chuva para arrastar tanto material de uma só vez de qualquer outro lugar, dando a entender assim que pode ter sido uma ação premeditada de descarte irresponsável.

O Gordo do Barco, que acompanha a vida do rio Piracicaba no seu dia a dia de trabalho, confirmou à Gazeta que as garrafas de plástico, entre outros lixos, são jogados pelo menos uma vez por semana. "Tem período em que não vemos nada, mas tem período em que o lixo circula em volume alto pelo menos duas vezes por semana". Ele disse ainda que não conseguiu flagrar ainda o crime ou, ao menos, o ponto de onde ele é cometido, mas está de prontidão e vai agir na próxima oportunidade com rapidez. 

Ontem, o fotógrafo da Gazeta registrou a imensidão de lixo enroscado em ilhas formadas pela seca, em pontos acima do Museu da Água. Isso pode demonstrar que o material tenha vindo de longe e não da Casa de Máquinas, por exemplo, que capta água para a unidade do Semae, do outro lado da avenida Beira Rio. Na represa diante da pequena comporta da Casa de Máquinas também ficam acumuladas garrafas pet e poderiam ter sido liberadas por algum motivo. Mas pela observação, não seria o ponto de descarte do lixo visto pelos turistas.

Ainda no sábado, as pessoas que estavam na rampa do Largo dos Pescadores analisavam com tristeza a cena: "um absurdo", disse um senhor que estava acompanhado do filho. "A população tem também muita culpa nisso... em pleno século XXI", enfatizou. Aos pés do Barco do Gordo, na parte rasa do rio, viam-se peixes grandes em uma água relativamente limpa, nadando de um lado para o outro, no mesmo instante em que se via a sujeira descendo ao longe. "Um absurdo a gente perder a beleza desses peixes aqui tão perto para garrafas pets flutuando por todo o rio", observou o barqueiro. 

A Gazeta entrou em contato com a prefeitura para ver se a Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente teria alguma informação. A resposta oficial foi que a Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Sedema) tem conhecimento do problema e lamenta o ocorrido.

"O acúmulo de garrafas pet e outros tipos de plásticos neste ponto já ocorreu em outras oportunidades, mas atualmente o acúmulo é maior. Vale ressaltar que o descarte adequado é de responsabilidade de todos. Para evitar que os cidadãos realizem esse descarte irregular, a Sedema, por meio do Núcleo de Educação Ambiental (NEA), está intensificando o trabalho de conscientização".

A pasta diz ainda que "Não há como identificar a origem de tais plásticos, já que o consumo de garrafas plásticas e outros recipientes ainda é alto e generalizado. Quanto à retirada deste volume de material, uma vez que envolve maquinários, a Sedema avalia quais ações poderá efetuar para equacionar o problema".

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