INTERNACIONAL

Fronteira Gaza-Egito reabre por tempo indeterminado

Cansados dos "repetidos fechamentos" da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, os palestinos esperam que sua reabertura por um período "indefinido" anunciada nesta terça-feira (9) pelos egípcios seja pra valer

AFP
09/02/2021 às 17:44.
Atualizado em 23/03/2022 às 20:41

Cansados dos "repetidos fechamentos" da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, os palestinos esperam que sua reabertura por um período "indefinido" anunciada nesta terça-feira (9) pelos egípcios seja pra valer.

O posto de fronteira de Rafah tem sido há vários anos a única saída para o mundo exterior - com exceção da passagem com Israel - para os dois milhões de habitantes de Gaza, um território palestino sob o controle dos islamitas do Hamas.

Este movimento armado tem ligações com a Irmandade Muçulmana, que esteve no poder no Egito até sua derrubada em 2013 pelo atual presidente Abdel Fattah al-Sissi.

As autoridades egípcias mencionam, em particular, razões de segurança para justificar o fechamento de Rafah, além dos temores de saúde com a pandemia de covid-19.

Mais de 52.740 pessoas infectadas foram contabilizadas em Gaza, incluindo cerca de 530 mortes. No Egito, cerca de 170.210 casos foram detectados, incluindo quase 9.700 mortes.

O posto de fronteira de Rafah permaneceu fechado a maior parte do tempo desde o início da crise sanitária para limitar a propagação do coronavírus, criando dificuldades para quem deseja sair ou retornar ao enclave, em particular para ver suas famílias.

Mas nesta terça-feira, quando a classe política palestina se reunia no Cairo para conversas importantes sobre a realização das primeiras eleições palestinas em quinze anos, as autoridades egípcias anunciaram sua reabertura.

"Abriram hoje (terça-feira) a travessia de Rafah por tempo indeterminado, pela primeira vez em anos", indicou uma autoridade egípcia da segurança, sob condição de anonimato.

"Esta não é uma abertura comum. Normalmente, a passagem é aberta por três ou quatro dias. (Desta vez) acontece enquanto o diálogo nacional palestino ocorre no Cairo", acrescentou.

Esta manhã, muitos habitantes de Gaza se aglomeraram na passagem de Rafah, constatou uma equipe da AFP.

"Faz seis meses que espero a passagem reabrir. Esses repetidos fechamentos me fizeram perder meu primeiro semestre na universidade", disse à AFP Ibrahim al-Chanti, prestes a cruzar a passagem.

"Espero que fique aberta permanentemente", acrescentou o estudante de 19 anos.

Yasser Zanoun, outro viajante, enfatizou a urgência da situação em Gaza. Segundo ele, a passagem deve ficar "aberta 24 horas por dia o ano todo, (porque) estamos enfrentando graves crises de saúde".

Sob bloqueio israelense desde a tomada do poder em Gaza pelo Hamas - agora em discussões com seu rival Fatah para realizar eleições nos Territórios Palestinos - a Faixa de Gaza tem infraestrutura limitada e sofre de desemprego endêmico (50%).

Mas as autorizações de trabalho em Israel são limitadas em circunstâncias normais e foram suspensas desde o início da pandemia, e com a passagem de Rafah fechada quase o tempo todo, os jovens de Gaza dificilmente puderam deixar o enclave nos últimos meses para tentar encontrar trabalho em outro lugar.

O mesmo problema para os doentes em estado grave, em particular os pacientes com câncer, que muitas vezes precisam deixar Gaza para se tratar.

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