INTERNACIONAL

Força da música afro-americana ressoa com protestos antirracistas

Manifestantes antirracismo aprimoraram sua criatividade para acompanhar os recentes protestos nos Estados Unidos, onde novas músicas são misturadas com clássicos de todos os tempos

AFP
15/06/2020 às 12:50.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:44

Manifestantes antirracismo aprimoraram sua criatividade para acompanhar os recentes protestos nos Estados Unidos, onde novas músicas são misturadas com clássicos de todos os tempos.

Lançado recentemente pelo rapper YG, o "FTP" ("Fuck the Police") se tornou um hino para milhares de pessoas, exigindo reformas radicais da polícia após a morte de George Floyd, um homem negro que perdeu a vida nas mãos de um agente branco.

A lista de reprodução "Black Lives Matter" do Spotify, um conjunto de 66 músicas que inclui hits de James Brown, Killer Mike, Nina Simone, NWA, Childish Gambino, Beyonce e Kendrick Lamar, ganhou mais de um milhão de seguidores.

E a lista diária "Viral 50" da plataforma de música on-line inclui clássicos como "The Revolution Will Not Be Televised", de Gil Scott Heron, uma canção falada da década de 1970, cujo título vem de um slogan usado pelo movimento Black Power dos Estados Unidos e passou a figurar no ranking "Top 10".

"Fight the Power", do rapper negro Public Enemy, também teve um retorno.

Além disso, foi lançado um novo vídeo para a música "Baltimore", do agora falecido Prince, originalmente escrita e lançada por ele em 2015 após a morte, também sob custódia policial, do afro-americano Freddie Gray.

O cantor Trey Songz lançou a canção em tom gospel "2020 Riots: How Many Times" em resposta à recente onda de protestos nas ruas, enquanto o cantor de folk e soul Leon Bridges lançou "Sweeter", uma reflexão sobre o racismo.

"A morte de George Floyd foi a gota d"água para mim... Estou entorpecido por muito tempo, com um calo quando se trata de questões de brutalidade policial", desabafou Bridges, nascido no Texas.

"Foi a primeira vez que chorei por um homem que não conhecia. Sou George Floyd, meus irmãos são George Floyd e minhas irmãs são George Floyd. Não posso e não vou mais ficar em silêncio", acrescentou Bridges.

Para Fredara Hadley, professora de Etnomusicologia da Juilliard School, a experiência da comunidade negra foi durante muito tempo o principal promotor da música de protesto nos Estados Unidos: desde os abolicionistas da escravidão, que se agarravam ao espiritual, até o movimento pelos direitos civis dos anos 1960, impulsionado pelo jazz, funk, rock, soul e Rythm&Blues.

"Permitiu-se que a música e as ambições negras ocupassem espaços que a população negra em geral não podia", comentou.

"Serviu como embaixador e avatar da negritude em formas complicadas", explicou Hadley.

"Você tinha esses músicos escrevendo uma música que respondia diretamente e estava comprometida com o que acontecia no movimento", acrescentou.

Kendrick Scott, um baterista de jazz radicado em Nova York, compôs recentemente uma peça instrumental que misturou com o áudio das palavras de George Floyd antes de morrer e dos manifestantes cantando seu nome.

Ele contou que, enquanto a escrevia, imaginava-se nas primeiras linhas do protesto, tocando seus tambores na frente da polícia.

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