A pandemia de COVID-19 provocará uma recessão global em 2020, com uma contração econômica estimada em 3%, e um "grave risco" de piorar - anunciou o Fundo Monetário Internacional (FMI), nesta terça-feira (14)
A pandemia de COVID-19 provocará uma recessão global em 2020, com uma contração econômica estimada em 3%, e um "grave risco" de piorar - anunciou o Fundo Monetário Internacional (FMI), nesta terça-feira (14).
O isolamento da população para evitar contágios e a consequente paralisação da atividade econômica reduzirão o crescimento de maneira dramática, com impacto maior nos países em desenvolvimento, destaca o FMI no boletim "Perspectivas da Economia Mundial", que recebeu o título de "O Grande Confinamento".
O Fundo afirma que, se o mundo conseguir conter o novo coronavírus e retomar gradualmente a atividade no segundo semestre de 2020, a economia global pode crescer 5,8% em 2021.
Para os Estados Unidos, maior economia do mundo, o FMI projeta uma recessão grave, com queda de 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, e uma recuperação de 4,7% em 2021.
Destacou, porém, a "considerável incerteza" que pesa sobre a força da retomada.
"Resultados de crescimento muito piores são possíveis e, talvez, prováveis", afirma o boletim.
Isto pode acontecer se a pandemia declarada em 11 de março, após uma epidemia que começou na China em dezembro, estender-se por mais tempo, e as medidas de isolamento, prorrogadas; assim como se o efeito nas economias emergentes for ainda maior do que o projetado, caso as condições financeiras se tornem mais rígidas; ou ainda se o fechamento de empresas e o desemprego prolongado deixarem sequências generalizadas.
O novo coronavírus já infectou mais de dois milhões de pessoas e provocou mais de 120.000 mortes no mundo. Para frear a propagação, nas últimas semanas, mais da metade da população mundial foi convocada a permanecer em suas casas; comércios não essenciais, fechados; e o tráfego aéreo registrou uma redução drástica, acentuando a queda nos preços do petróleo.
"Esta crise não se parece com nenhuma outra", declarou a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, ao destacar que, "muito provavelmente", o mundo vai registrar a pior recessão desde a Grande Depressão de 1929, superando com folga a contração provocada pela crise financeira de 2008. Na ocasião, a recessão em 2009 foi de apenas 0,1%, e os mercados emergentes cresciam a um ritmo sólido.
De acordo com os prognósticos do FMI, apenas duas economias escaparão este ano da recessão, mas, em ambos os casos, com crescimentos mínimos: a China, berço da COVID-19, vai avançar 1,2%, e a Índia, 1,9%.
Para os países desenvolvidos, porém, o retrocesso médio deve alcançar 6,1%.
Grandes economias devem registrar contrações: Estados Unidos (-5,9%), Japão (-5,2%), Reino Unido (-6,5%), mas o retrocesso será ainda mais profundo na Eurozona, incluindo Itália (-9,1%), Espanha (-8,0%), França (-7,2%) e Alemanha (-7,0%).
A contração do PIB será aguda na América Latina e Caribe (-5,2%), com golpes para México (-6,6%) e Brasil (-5,3%), e um agravamento da recessão na Argentina (-5,7%).
Entre os emergentes, Rússia (-5,5%) e África do Sul (-5,8%) também sentirão o impacto.
O FMI antecipa ainda uma redução de 11% no volume do comércio de bens e serviços em 2020.