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Fim da Cuomomania? Estrela do governador de Nova York perde força

A franqueza e a empatia do governador de Nova York, Andrew Cuomo, transformaram-no em um ídolo no início da pandemia de coronavírus, no momento em que o presidente Donald Trump divulgava mensagens contraditórias e ininteligíveis

AFP
17/02/2021 às 12:22.
Atualizado em 23/03/2022 às 18:05

A franqueza e a empatia do governador de Nova York, Andrew Cuomo, transformaram-no em um ídolo no início da pandemia de coronavírus, no momento em que o presidente Donald Trump divulgava mensagens contraditórias e ininteligíveis.

Quase um ano depois, com Trump fora da Casa Branca, a estrela de Cuomo parece perder força.

O governador, que está no terceiro mandato, enfrenta uma pressão crescente pelas mais 15.000 mortes que aconteceram em casas de repouso.

O governo de Cuomo foi obrigado a revisar e aumentar o número de 8.500 óbitos quando um relatório da Procuradoria do estado de Nova York destacou que havia subestimado o número.

No fim da semana passada, uma conselheira de Cuomo admitiu em uma ligação com legisladores estaduais democratas que a informação foi retida porque temiam uma investigação do Departamento de Justiça do governo Trump.

Na segunda-feira, Cuomo admitiu pela primeira vez que seu governo foi lento ao divulgar a informação e que o atraso gerou "ceticismo e cinismo, e teorias da conspiração que aumentaram a confusão".

Mas ele não pediu desculpas e negou as acusações de ocultar o tema, algo que abala sua popularidade.

O Legislativo estadual ameaça agora retirar os poderes executivos que concedeu a Cuomo quando a pandemia atingiu Nova York em março do ano passado.

Uma pesquisa do Siena College Research Institute mostra que 51% dos moradores do estado aprovam a gestão de Cuomo, contra 56% anteriormente.

"A estrela caiu bastante", afirma Jacob Neiheisel, professor de Ciência Política da Universidade de Buffalo, que destacou uma "reavaliação" da gestão de Cuomo sobre a pandemia.

As entrevistas coletivas cotidianas de Cuomo foram assistidas por milhões de telespectadores, que buscavam informações confiáveis e um pouco de tranquilidade, enquanto Trump espalhava confusão e declarações que contradiziam os especialistas do governo.

Sam Abrams, professor de Ciência Política da Sarah Lawrence College, afirma que os americanos se viraram paras os líderes locais quando a confiança no governo federal "afundou".

Cuomo - filho do ex-governador Mario Cuomo e um personagem da política de NY há 40 anos - era considerado "um valentão e arrogante", mas foi um "estadista, um líder corajoso e considerado, na comparação com Trump", opina Abrams.

Alguns analistas vinculam sua queda de popularidade à saída de Trump da Casa Branca.

"Agora temos um governo em Washington que pode refletir sobre a covid de maneira honesta, ouvir a ciência e fazer a comunicação de maneira eficaz", disse o analista político Lincoln Mitchell, da Universidade de Columbia.

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