INTERNACIONAL

Filme sobre trabalhadores nômades ganha Leão de Ouro em Veneza

Um filme comovente sobre os trabalhadores nômades realizado por uma jovem cineasta americana sagrou-se neste sábado campeão do Festival de cinema de Veneza, que também premiou a distopia feroz do mexicano Michel Franco

AFP
12/09/2020 às 19:02.
Atualizado em 25/03/2022 às 02:06

Um filme comovente sobre os trabalhadores nômades realizado por uma jovem cineasta americana sagrou-se neste sábado campeão do Festival de cinema de Veneza, que também premiou a distopia feroz do mexicano Michel Franco.

Com "Nomadland", a cineasta americana Chloe Zhao, 38, de origem chinesa, tornou-se a primeira mulher a receber o Leão de Ouro em 10 anos. Aplaudida pelo público e pela crítica, Zhao foi recompensada por um filme sobre os "cidadãos invisíveis", pessoas que se deslocam de van por todo o país em busca de trabalho, protagonizado pela premiada atriz Frances Mcdormand, ganhadora de dois Oscars.

"Muito obrigada por esse Leão de Ouro!", agradeceram as duas em um vídeo gravado nos Estados Unidos, uma vez que não puderam viajar devido às restrições sanitárias.

O filme foi uma das poucas produções americanas que participaram do festival. A obra foi dirigida, escrita e montada por Zhao, e conta a história nostálgica da vida na estrada. A produção entra para a lista de candidatos ao Oscar, como aconteceu com "Coringa", de Todd Phillips, no ano passado.

O júri do Festival de Veneza, presidido pela atriz australiana Cate Blanchett, premiou também o mexicano Michel Franco, que conquistou o Leão de Prata - Grande Prêmio do Júri, por "Nuevo Orden", uma metáfora do México e do mundo moderno, afetado por diferenças sociais, racismo e desigualdades.

"Comecei este filme há cinco anos e não fazia ideia de que esta distopia que imaginava estivesse tão próxima da realidade, com as manifestações em Chile, Colômbia, Hong Kong e o movimento Black Lives Matter", comentou Franco, 41, ao receber o prêmio em Veneza. "Não quero ser pessimista. Fiz este filme para que as coisas mudem. Temos que acreditar no futuro."

O Leão de Prata de melhor direção foi para o japonês Kiyoshi Kurosawa, por "Wife of a Spy". Quanto aos intérpretes, a britânica Vanessa Kirby, conhecida pela série "The Crown", levou o prêmio de melhor atuação por seu primeiro papel como protagonista, no filme "Pieces of a Woman" de Kornel Mundruczo.

O ator italiano Pierfrancesco Favino foi premiado por "Padrenostro", de Claudio Noce, história ambientada durante os chamados "anos de chumbo" na Itália.

O primeiro festival da era do coronavírus não registrou nenhum contágio e terminou com um balanço positivo. Sem os astros de Hollywood e os caçadores de selfies no tapete vermelho, o evento foi realizado em condições particulares, seguindo medidas sanitárias rigorosas, sem filas ou aglomerações e com os convidados respeitando o distanciamento social.

O primeiro grande festival internacional realizado durante a pandemia durou 10 dias e será lembrado como a edição das máscaras, que cobriram o rosto dos artistas, organizadores e jornalistas.

bur-kv/bc/lb

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