Em campanha para sua reeleição à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump exige um corte nas taxas de juros no país, mas será, no fim das contas, o novo coronavírus que fará a diferença para o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano)
Em campanha para sua reeleição à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump exige um corte nas taxas de juros no país, mas será, no fim das contas, o novo coronavírus que fará a diferença para o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano).
Diante dos riscos, ainda incertos, da epidemia da COVID-19 para a maior economia do mundo, os mercados esperam dois cortes nas taxas este ano por parte da instituição americana. Até alguns dias atrás, a expectativa era na direção contrária.
Trump, que costuma atacar o Fed e o presidente do órgão, Jerome Powell, voltou a criticar a instituição em uma coletiva de imprensa sobre o novo coronavírus.
"Deveríamos pagar taxas de juros mais baixas", afirmou o republicano, para admitir, na sequência, que a epidemia impedirá o crescimento de 3% esperados por ele para os Estados Unidos em 2020.
Uma economia em melhor estado do que as de outros grandes países industrializados é seu melhor argumento para permanecer mais quatro anos na Casa Branca.
Em dezembro, o Fed iniciou uma pausa nos cortes e fixou suas taxas entre 1,50% e 1,75%.
A extensão da epidemia pode mudar o contexto, porém, embora, contrariando a opinião de muitos especialistas, Trump diga que o risco de propagação nos Estados Unidos seja "muito baixo".
O pânico tomou conta dos mercados financeiros.
Wall Street atravessa sua pior semana desde a crise financeira de 2008. Em meio às incertezas, os investidores estão apostando em títulos mais estáveis e seguros, como a dívida dos EUA, que paga taxas historicamente baixas.
"Acredito que seria prematuro - antes de ter mais números e uma ideia das previsões (econômicas) - pensar em uma ação de política monetária", disse o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, no México, na quinta-feira (27), citado pela agência de notícias Bloomberg.
A próxima reunião do Comitê Monetário do Fed será nos dias 17 e 18 de março.
Taxas de juros mais baixas seriam um antídoto contra a recessão?
Esse mecanismo que torna o crédito mais barato e, portanto, alimenta o consumo e o investimento para impulsionar a economia tem sido amplamente utilizado pelos bancos centrais desde 2008.
"Os atores do mercado esperam que o Fed dê apoio" e reduza as taxas, disse a porta-voz do organismo, Janet Yellen, na quarta-feira.
Yellen destacou que as taxas de juros são mais baixas na Europa do que nos Estados Unidos e disse que "o Fed tem margem de manobra. Isso não consertará tudo, mas sustentará os gastos dos consumidores, a economia e os mercados financeiros".
Nos Estados Unidos, o consumo das famílias representa 70% do PIB.