Ele descreveu o líder cubano Fidel Castro como seu "segundo pai" e, em sua vida cheia de metáforas, a última foi que Diego Maradona morreu no mesmo dia que o líder cubano
Ele descreveu o líder cubano Fidel Castro como seu "segundo pai" e, em sua vida cheia de metáforas, a última foi que Diego Maradona morreu no mesmo dia que o líder cubano.
Era amigo do venezuelano Hugo Chávez e jogava futebol com o ex-presidente boliviano Evo Morales: a rebelião juvenil de Diego Maradona tornou-se com o tempo um fascínio pela esquerda latino-americana no poder.
"Sempre tivemos um relacionamento muito bom, uma amizade muito boa. Desde o primeiro dia em que você veio aqui com sua namorada" em 1987, disse Castro sobre Maradona em entrevista em 2005.
Castro o presenteou com uma jaqueta verde-oliva e lembrou que naquele primeiro encontro, 18 anos antes, lhe dera o boné militar autografado.
Maradona mostrou a tatuagem em sua perna esquerda: uma imagem de Fidel. "Nossa, é uma honra", disse o surpreso interlocutor.
A entrevista de Fidel aconteceu um ano depois de Maradona terminar em Cuba um tratamento de recuperação de seus vícios que começou em 2000, com muitas idas e vindas.
"Fidel abriu as portas para mim quando no meu país muitas clínicas as fechavam", agradeceu o "10".
Eles se conheceram em 28 de julho de 1987, um ano após a consagração de Diego na Copa do Mundo do México-1986, quando foi eleito o "melhor atleta do ano", escolhido em pesquisa da agência cubana Prensa Latina.
O "10" não era um homem de esquerda e dois jornalistas argentinos, Carlos Bonelli e Pablo Gionto, tiveram que mediar para convencê-lo a ir ao país caribenho receber o prêmio.
Haveria outras visitas e uma década depois, Diego tatuou Che Guevara no braço, 30 anos após a morte do guerrilheiro argentino-cubano. Quando Castro morreu em 2016, Maradona compareceu ao funeral.
"Morreu o maior de todos, Fidel Castro nos deixou. Fui tomado por um choro terrível porque era como um segundo pai. Morei quatro anos em Cuba e Fidel me ligava às duas da manhã para falar de política ou esportes", declarou Maradona naquele momento.
Em 2015, dias antes da chegada a Cuba de "Pelusa" para gravar o programa "De Zurda" na Telesur, rede multiestatal latino-americana da qual foi comentarista em duas Copas do Mundo, Castro lhe enviou uma carta.
"Graças às minhas conversas com você nos anos mais brilhantes de nosso inesquecível amigo (o falecido presidente venezuelano) Hugo Chávez, deduzi que o encontro em Mar del Plata não poderia ser esquecido. Hugo lembrou aos Estados Unidos que havia uma outra América", escreveu Castro em a carta de 11 de janeiro de 2015.
Ele se referia à IV Cúpula das Américas que se reuniu na cidade argentina de Mar del Plata em novembro de 2005 e na qual os presidentes latino-americanos impediram a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), promovida pelo então presidente dos Estados Unidos George W. Bush.
Sob o lema "Não à Alca", milhares de militantes lotaram um estádio em Mar del Plata. Muitos chegaram de Buenos Aires no "Trem da Alba", entre eles o próprio Maradona, que esteve ao lado de Chávez durante todo o evento. Evo Morales, que logo depois seria eleito presidente da Bolívia, também viajou.
Maradona foi convidado várias vezes a Caracas e só tinha palavras de elogio ao "comandante". "Estou com Chávez até a morte", disse.