Urgência e emergência

Falta de médicos na rede pública persiste

A falta de médicos na grade dos serviços públicos de urgência e emergência persiste, sem prazo para solução. Prefeitura cobra explicações de terceirizada. Presidente do Conselho Municipal de Saúde lembra que problema é o baixo salário dos profissionais

Romualdo Cruz Filho
29/10/2022 às 06:43.
Atualizado em 29/10/2022 às 06:45

‘’Até o momento nada foi feito de fato por parte do governo municipal para superar esse impasse’ (Arquivo/Gazeta de Piracicaba)

A falta de médicos na grade dos serviços de urgência e emergência tem sido recorrente nos últimos meses. Para tentar ampliar a base de profissionais do setor, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) já abriu mais de sete editais nos últimos 60 dias. Mesmo assim, o problema está longe de ser resolvido.

A empresa terceirizada, responsável pela gestão desses profissionais nas unidades de pronto-atendimento, segundo a própria Secretaria de Saúde (SMS), alega que também não está conseguindo profissionais no mercado. Milton Costa, presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), disse que o problema central é o baixo salário, que não atrai sequer médicos iniciantes.

"O valor máximo que a SMS consegue pagar de salário é R$ 15 mil, o teto definido com base no salário do prefeito", explicou. Segundo Milton Costa, o colegiado do conselho já autorizou a criação de Organizações Sociais e a adesão do município ao Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Metropolitana de Campinas (Cismetro) no intuito de resolver o problema. "Mas até o momento nada foi feito de fato por parte do governo municipal para superar esse impasse".

"Com isso", enfatiza Milton Costa, "quem mais sofre é a população". Ele observou que sequer a empresa terceirizada consegue novos profissionais exatamente porque ela também trabalha com um teto salarial abaixo da expectativa do mercado. "Se profissionais iniciantes não se sentem atraído por este valor, imagine médico experiente", destacou.

"A nossa parte já foi feita. Inclusive já denunciamos a questão ao Ministério Público (MP), que tem cobrado uma posição do prefeito. Abrir edital um atrás do outro, que se revelam inócuos, é a forma do Executivo mostrar que está fazendo alguma coisa".

Mais um edital

Ontem, a Prefeitura divulgou a abertura de mais um processo de compra direta de serviços médicos, por meio do Edital 231/2022. O certame acontece até segunda-feira, 31. "A compra direta se faz necessária devido à dificuldade encontrada pela Secretaria em preencher as escalas médicas aos fins de semana, tendo em vista que a atual empresa não tem conseguido profissionais para completar as escalas", afirma a notícia oficial.

"Infelizmente, estamos com dificuldades em encontrar médicos para plantões nos finais de semana na cidade. A empresa que venceu a licitação para fazer a gestão dos plantões e escalas médicas atualmente não consegue fornecer equipe necessária para as unidades, mas já estamos com nova licitação em andamento para que isso se resolva o quanto antes", explicou o secretário municipal de Saúde, Filemon Silvano.
Como consequência dessa crise por falta de profissionais médicos, neste final de semana o atendimento na UPA Vila Sônia será interrompido. A unidade ficará fechada de hoje (29), às 6h, até segunda-feira, (31), às 7h. As demais UPAs atendem normalmente.

Como suporte, a coordenação de Urgências e Emergências manterá apoio à UPA Vila Sônia com uma ambulância de suporte básico, para remoção de casos de média gravidade que precisem de cuidados em uma UPA mais próxima.

Resposta da SMS

A Secretaria de Saúde informa que o edital nº 231/2022 é para a prestação de serviços especializados de atendimento médico e prevê a média mensal de 402 plantões de 12 horas junto às quatro Unidades de Pronto Atendimento Médico (UPA), da Central de Ortopedia e Traumatologia (COT) e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a fim de complementar as escalas de plantões.

A SMS reforça que, conforme já noticiado pela imprensa anteriormente, a pasta abriu processo administrativo solicitando da empresa contratada os devidos esclarecimentos, inclusive pelas reincidências do não preenchimento das escalas médicas.

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