INTERNACIONAL

Falta de mão de obra por COVID-19 freia recuperação na Índia

Apesar das promessas de aumento salarial, as empresas indianas têm dificuldade para atrair milhões de trabalhadores migrantes que fugiram das cidades no início da pandemia e continuam a temer o coronavírus, o que atrasa a recuperação econômica da Índia

AFP
26/07/2020 às 15:16.
Atualizado em 25/03/2022 às 18:15

Apesar das promessas de aumento salarial, as empresas indianas têm dificuldade para atrair milhões de trabalhadores migrantes que fugiram das cidades no início da pandemia e continuam a temer o coronavírus, o que atrasa a recuperação econômica da Índia.

Esses trabalhadores, procedentes das partes mais pobres do país, são a espinha dorsal da terceira maior economia da Ásia.

O confinamento decretado no final de março para conter a pandemia deixou muitos trabalhadores na rua. Privados de trabalho, eles não tiveram outra escolha a não ser voltar para suas cidades de origem com suas famílias.

Essa ausência está sendo sentida agora.

Os arranha-céus de Mumbai, por exemplo, foram construídos, em sua maioria, por operários de estados muito mais pobres, como Uttar Pradesh, Bihar e Odisha, que também fornecem mão de obra abundante para funções como agentes de segurança, cozinheiros, ou empregadas domésticas.

As autoridades do estado de Maharashtra, cuja capital é Mumbai, estimam que 80% dos trabalhadores da construção civil deixaram a capital financeira, quando as obras foram paralisadas na primavera (outono no Brasil).

Quatro meses depois, quando algumas restrições foram suspensas, alguns trabalhadores retornaram, embora mais de 10.000 canteiros de obras estejam praticamente parados, devido à falta de mão de obra.

"Fazemos todo o possível para que os trabalhadores voltem, inclusive oferecendo passagens aéreas, seguro de saúde contra a COVID-19 (...), consultas médicas semanais", conta o promotor imobiliário Rajesh Prajapati.

"Mas tudo continua na mesma", acrescentou.

O grupo Hiranandani, um gigante do setor imobiliário, continuou a pagar seus funcionários durante o confinamento - o que é incomum - e teve um pouco mais de sucesso em reter sua força de trabalho.

Conseguiu, no entanto, convencer apenas 30% de seus 4.500 trabalhadores a permanecerem nas obras.

"Cuidamos deles, de sua alimentação, de sua segurança, de lhes fornecer instalações sanitárias. Temos até creches móveis para crianças", disse à AFP o cofundador do grupo, o bilionário Niranjan Hiranandani.

Diante do colapso da economia, o primeiro-ministro Narendra Modi se apressou para levantar as restrições para as empresas, apesar de a pandemia se acelerar na Índia, com cerca de 1,5 milhão de casos.

Mais de 31.000 pessoas morreram de COVID-19 no país, o sexto maior balanço de óbitos do mundo.

Muitos especialistas consideram que estes números são ainda maiores.

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