INTERNACIONAL

Facebook e as contas 'superpropagadoras' de desinformação nos EUA

A eleição dos Estados Unidos acabou, a transição para o presidente eleito começou timidamente, mas no Facebook o problema da desinformação continua sem solução, em particular pelos "superpropagadores", contas que espalham em larga escala boatos infundados sobre fraude eleitoral organizada pelos democratas

AFP
25/11/2020 às 16:51.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:25

A eleição dos Estados Unidos acabou, a transição para o presidente eleito começou timidamente, mas no Facebook o problema da desinformação continua sem solução, em particular pelos "superpropagadores", contas que espalham em larga escala boatos infundados sobre fraude eleitoral organizada pelos democratas.

A ONG Avaaz identificou 25 delas, incluindo as páginas de Donald Trump Jr e Eric Trump (os filhos do presidente republicano), Kayleigh McEnany (a porta-voz da Casa Branca), os apresentadores e comentaristas políticos ultraconservadoras Dan Bongino, Lou Dobbs e Rush Limbaugh, assim como organizações pró-Trump como a Turning Point USA.

Todas essas personalidades apoiam em seu escandaloso questionamento dos resultados o atual morador da Casa Branca, que não para de tuitar mensagens acusando seus adversários de terem "roubado" sua vitória.

Desde a votação realizada em 3 de novembro, conteúdos enganosos sobre o que os partidários de Trump chamam de "fraude eleitoral", disseminados por essas 25 contas, receberam mais de 77 milhões de interações, entre curtidas, comentários e compartilhamentos, segundo descobertas preliminares de um estudo da Avaaz.

Isso sem falar no "superpropagador" máximo, o próprio Donald Trump, ou as páginas vinculadas a seu ex-assessor Steve Bannon, recentemente removidas pelo Facebook.

No entanto, a gigante das redes sociais intensificou as medidas preventivas para combater as tentativas de desacreditar o recente processo democrático.

A divulgação de anúncios políticos foi restringida e até interrompida. Fontes de informação consideradas confiáveis foram destacadas e campanhas de manipulação orquestradas do exterior foram barradas.

O Facebook evitou, assim, a repetição dos escândalos de 2016, quando a eleição presidencial, que levou o bilionário republicano ao poder, foi marcada por operações de desinformação e denúncias de interferência russa.

Porém, essas táticas não foram suficientes para impedir os falsos rumores, que se espalharam mesmo sem recorrer a fazendas de trolls estrangeiros.

"A desinformação não se torna apenas viral. Os "superpropagadores" desta lista, com a ajuda do algoritmo do Facebook, estão no centro desta avalanche de mentiras que agora define o debate político para milhões de pessoas no país", explicou Fadi Quran, diretor de campanha da Avaaz.

"O Facebook sabe a solução para o problema - arrumar seu algoritmo - mas se recusa a fazer isso e, portanto, põe em risco a democracia", disse ele.

Tanto o Twitter quanto o Facebook publicaram advertências contra dezenas de mensagens do presidente, apontando que seus comentários eram contestáveis.

Em vão, afirmou a Avaaz. Mesmo quando as plataformas diminuem ou impedem a circulação de conteúdo enganoso, as capturas de tela ainda seguem circulando.

A associação cita, por exemplo, uma publicação do chefe de estado que afirma que o software eleitoral Dominion "suprimiu 2,7 milhões de votos para Trump". As imagens deste post foram compartilhadas mais de 67 mil vezes, em cerca de 1.800 páginas e grupos, e assim receberam quase 244 mil interações adicionais, de acordo com cálculos feitos com o CrowdTangle, uma ferramenta de análise de rede.

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