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Ex-presidente panamenho Martinelli é denunciado por lavagem de dinheiro

A Justiça apresentou nesta quinta-feira (2) acusações por lavagem de dinheiro contra o ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli (2009-2014), enquanto também investiga o ex-mandatário Juan Carlos Varela pelo mesmo delito, em escândalos que atingem agora estes ex-aliados, hoje inimigos políticos

AFP
02/07/2020 às 19:04.
Atualizado em 26/03/2022 às 21:36

A Justiça apresentou nesta quinta-feira (2) acusações por lavagem de dinheiro contra o ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli (2009-2014), enquanto também investiga o ex-mandatário Juan Carlos Varela pelo mesmo delito, em escândalos que atingem agora estes ex-aliados, hoje inimigos políticos.

"Apresentaram-lhe acusações de lavagem de dinheiro na compra de um meio de comunicação", disse à AFP Roniel Ortíz, um dos advogados de Martinelli.

A Procuradoria também decretou medidas cautelares contra o ex-chefe de Estado, que precisará assinar mensalmente perante as autoridades judiciais e não poderá deixar o país.

"Vou ser franco com vocês, isto me chateia, estar nessa perseguição política que não tem fim. É um caso no qual nunca me haviam mencionado, que não tem nenhum fundamento, nem razão, querem me envolver porque querem me anular", declarou Martinelli após o interrogatório.

O ex-presidente panamenho foi investigado pelo caso conhecido como New Business, no qual se questiona a compra de um grupo editorial, supostamente com dinheiro público, durante seu mandato.

Martinelli já esteve preso preventivamente durante dois anos após ter sido extraditado em 2018 dos Estados Unidos para responder a acusações de espionagem, embora tenha sido inocentado por um tribunal em 2019.

Seus advogados asseguram que ele não pode ser novamente investigado em função do chamado princípio de especialidade, segundo o qual uma pessoa não pode ser julgada por assunto diferente ao que provocou sua extradição.

Martinelli foi mencionado em vários escândalos de corrupção durante sua administração, na qual uma dúzia de seus ministros estiveram detidos.

A Procuradoria Especial Anticorrupção convocou Varela, presidente entre 2014 e 2019, por um caso de supostas doações ilegais da empreiteira Odebrecht, acusada de pagar propinas milionárias no Panamá e em uma dezena de países, a maioria latino-americanos.

"Vim cumprir com a convocação do Ministério Público e responder qualquer pergunta que eles tenham", disse o ex-presidente nesta quinta-feira.

Varela é investigado por doações da Odebrecht recebidas pelo Partido Panameñista (direita), do qual ele foi o máximo dirigente, para várias disputas eleitorais, entre elas as presidenciais que ele venceu em 2014.

As investigações contra Varela "não têm nada a ver" com sua gestão à frente do governo, mas obedecem a doações para campanhas eleitorais financiadas "de acordo com as leis" nacionais, indicou em um comunicado o gabinete do ex-presidente.

O comparecimento na Justiça dos ex-chefes de Estado "poderia significar, com algum otimismo, que prevalece a institucionalidade e que ninguém está acima da lei", disse à AFP Carlos Barsallo, presidente da Junta Diretiva da seção panamenha da Transparência Internacional.

No entanto, "sendo realista e prudente, e baseado em experiências anteriores. é preciso esperar para ver resultados reais e definitivos" porque no Panamá "prevaleceu a percepção da impunidade", acrescentou.

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