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Ex-ministro espanhol prestou depoimento na Argentina por crimes na Espanha pós-Franco

Após anos de tentativas frustradas, uma juíza argentina tomou nesta quinta-feira (3) o depoimento do ex-ministro espanhol Rodolfo Martín Villa, investigado por crimes contra a humanidade cometidos durante a transição do Franquismo para a democracia

AFP
03/09/2020 às 19:15.
Atualizado em 25/03/2022 às 08:48

Após anos de tentativas frustradas, uma juíza argentina tomou nesta quinta-feira (3) o depoimento do ex-ministro espanhol Rodolfo Martín Villa, investigado por crimes contra a humanidade cometidos durante a transição do Franquismo para a democracia.

Durante mais de cinco horas por videoconferência, Martín Villa, que afirma ser inocente, prestou depoimento perante a juíza de instrução María Servini, da embaixada argentina em Madrid, disseram fontes judiciais à AFP.

O ex-político foi nomeado ministro das Relações Sindicais em dezembro de 1975, menos de um mês após a morte do ditador Francisco Franco. Manteve o cargo até julho de 1976, quando se tornou ministro do Interior, posição que ocupou até abril de 1979.

Martín Villa está sendo investigado em uma ação movida em 2010 em Buenos Aires por vítimas do regime de Franco, para apurar os crimes cometidos durante a ditadura (1939-1975) e a transição para a democracia. A maioria deles não pode ser julgada na Espanha, pois estão cobertos por uma lei de anistia de 1977.

Servini investiga a possível responsabilidade do ex-ministro na morte de 12 pessoas em Madrid, País Basco e Navarra, a tiros disparados por policiais, guardas civis e grupos de extrema direita em uma Espanha que caminhava com dificuldade para a democracia em meio a ataques de grupos de extrema direita e extrema esquerda.

Cinco dessas vítimas foram mortas a tiros pela polícia durante o despejo de uma assembleia realizada em uma igreja em Vitória, cidade no norte espanhol, em 3 de março de 1976, em apoio a uma greve.

Após esta investigação, a juíza, que atua em nome da justiça universal, tem um prazo de dez dias para decidir se processa ou não Martín Villa, de 85 anos.

"O processo tem uma década. Se Villa for processado, será um evento histórico", disse à AFP Julieta Bandirali, advogada do caso na Argentina.

Quem também comemorou foi Pablo Iglesias, vice-presidente do governo espanhol e líder do partido de esquerda Podemos, que muitas vezes criticou o "silêncio" sobre os crimes daquele período.

"Hoje é dado um passo histórico na Argentina pela justiça e contra a impunidade. Rodolfo Martín Villa responderá por crimes contra a humanidade", escreveu no Twitter.

avl/mg/bc/ic

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